As
boas notícias não são notícias. Os homens virtuosos e exemplares são ignorados.
Só corruptos e os malfeitores são referidos na comunicação social. O Portal de
Nisa evocava, a 19 de Fevereiro, o Dr. António Granja, médico natural de Mação,
que foi para Nisa em 1934 e ali viveu até à sua morte em 1964. Foi alvo de uma
homenagem pública em vida, em 1957, e depois, postumamente, em 8 de Agosto de
1981, o Presidente da República general Ramalho Eanes inaugurava um monumento evocativo
no largo junto à Porta da Vila, que passou a chamar-se Largo Dr. António
Granja. Aqui fica uma fotografia do monumento e da homenagem de 1981. Do jornal
«Correio de Nisa» de 6-3-1965, respigamos este excerto: «Muitas vezes a sua mão
piedosa deixou dinheiro e remédios à cabeceira de pacientes sem outros
recursos, além de seus pobres braços paralisados pela doença, e por isso mesmo
impossibilitados de ganhar o magro sustento quotidiano. Algumas vezes os
familiares de um ou outro "caso perdido" viram os seus olhos,
aparentemente duros, nublarem-se de lágrimas de dor. Além do mais, era um
profissional, cuja competência foi inúmeras vezes comprovada por assinaláveis
êxitos e reconhecida até por notáveis figuras da medicina portuguesa.
Viveu
sempre só. O seu mundo privado, familiar, a sua casa, era aquele velho quarto
da "Pensão Correia" que ocupou até aos últimos dias de vida, quando o
grassar célere da doença que havia de vitimá-lo, o obrigara a deslocar-se a
Coimbra, a sujeitar-se às prescrições de colegas especializados».
O
que nunca foi revelado sobre esta Homem é que o António Granja entrou para a
Maçonaria quando era estudante em Coimbra, mais exactamente para a Loja A
Revolta, onde foi iniciado em 19 de Novembro de 1921 com o nome simbólico de
«Marat». Passou em 1930 para a Loja Rebeldia, de Lisboa, à qual pertenceu até à
proibição da Maçonaria, em 1935.
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Texto de António Ventura publicado em 17/8/2014 no Facebook