Há 70 anos, no dia 15 de Fevereiro de 1941, o território
português foi fustigado por um violento ciclone. Por todo o país e
especialmente nas zonas costeiras, o temporal causou avultados prejuízos
materiais e um numeroso rol de vítimas.
O distrito de Portalegre e o concelho de Nisa, em
particular, não escaparam à fúria dos ventos ciclónicos, acompanhados de chuva
torrencial que provocaram danos de grande monta, sobretudo em edificações e na
perda de milhares de árvores, arrancadas num ápice pela força colossal dos
ventos.
Na sessão da Câmara de 20 de Fevereiro, a vereação presidida
por José Augusto Fraústo Basso e composta por Jorge Beato Caldeira Miguéns e
José de Barros Gouveia aprovou um "voto de profundo sentimento pela
tragédia que assolou todo o país no dia 15 do corrente mês e que tantas vítimas
e estragos materiais causou de norte a sul."
De seguida, a vereação camarária tomou conhecimento dos
avultados prejuízos causados pelo ciclone no concelho, enumerando os vários
edifícios escolares, edifícios e bens municipais, inclusive no edifício dos
Paços do Concelho, no cemitério e no jardim desta vila e em várias estradas,
decidindo que deviam "prosseguir com a maior actividade as necessárias
obras de reparação em todos os locais afectados, referindo que algumas das
quais já se encontram iniciadas."
Não se ficaram por aqui as decisões quanto aos efeitos do
ciclone e a Câmara tendo em consideração os grandes prejuízos causados em
inúmeros prédios urbanos e em muitos muros e vedações e outras edificações do
concelho, e tornando-se necessário auxiliar e activar, na medida do possível, a
reparação de tais prejuízos, decidiu isentar do pagamento de quaisquer licenças
municipais "todas as obras de reparação que forem efectuadas e concluídas
até ao dia 15 de Abril próximo, desde que os interessados se limitem a repor as
cousas no estado anterior ao do ciclone e isso mesmo seja verificado pela
fiscalização municipal."
Ainda sobre o mesmo assunto, resolveu a edilidade
"tomar as necessárias providências para que possam ser avaliados, com a
possível aproximação, os prejuízos causados neste concelho pelo ciclone
referido nas deliberações anteriores".
Na sessão de 3 de Abril, a Câmara tomou conhecimento de que
o ciclone de 15 de Fevereiro causou no concelho e de acordo com os elementos
obtidos até esta data, além de inúmeros pequenos prejuízos em edifícios urbanos
que não foi possível avaliar e de muitos outros prejuízos de elevado valor que
também não foi possível avaliar em árvores que ficaram com as pernadas partidas
e derramadas, o arrancamento ou inutilização total de 42.475 árvores em prédios
particulares, assim descriminadas em harmonia com o mapa que fica arquivado na
secretaria:
Oliveiras: 16537; sobreiros: 4.802; azinheiras: 3.753;
pinheiros: 10.560; figueiras: 1437; carvalhos:350; outras árvores de fruto: 85;
árvores ornamentais: 30.
Na mesma sessão foi dado conhecimento de que "se
encontram quase completamente reparados os estragos causados pelo dito ciclone
em edifícios municipais e em edifícios cuja conservação está a cargo do
Município, e de que tais prejuízos foram muito importantes, principalmente em
várias escolas e nos Paços do Concelho."
Legendas das fotos (De cima para baixo)
1 - Capa do jornal "O Século" - 16/2/41
2 - Estragos na praia Vasco da Gama (Sines)
3 - Capa do "Século Ilustrado"
4- Memorial às Vítimas do Ciclone - Serra da Cabreira
* Texto publicado inicialmente em Fevereiro de 2011