sexta-feira, 21 de setembro de 2018

NISA - “Galinhas” e “Cigarrinhas” num salutar Encontro de Famílias - Maio 2017


Não, não se trata de uma fábula. Aconteceu mesmo, no passado sábado em Nisa, ou não fosse esta terra famosa, entre outras coisas, pelas suas originais alcunhas.
As famílias Galinha (descendentes de António de Oliveira Bizarro e Maria do Rosário da Cruz Carrasco) e Cigarrinha (descendentes de Joaquim da Graça Maurício – o popular Ti Coimbra – e Maria da Graça Dinis André) realizaram aquele que fica assinalado como o 1º Encontro-Convívio entre “Galinhas” e “Cigarrinhas”, alcunhas, bem populares, como todos os membros das duas famílias são conhecidos em Nisa e em todo lado. Trata-se de duas das mais numerosas famílias nisenses e não admira que o Encontro-Convívio tenha juntado cerca de oitenta pessoas, mesmo contando com algumas ausências.




Após a missa solene, na Igreja do Espírito Santo, em evocação dos entes queridos, o cortejo familiar rumou até à antiga escola do Convento, onde teve lugar a jornada gastronómica, sendo prestado um minuto de silêncio em memória dos familiares falecidos. Depois, foi a festa. Imaginem só: galinhas e cigarrinhas, “à solta” numa sala ampla, tinha que meter música, descantes e um convívio até às tantas, que deixou já a promessa de um próximo encontro.
Mário Mendes - "Alto Alentejo" - 31/5/2017




quarta-feira, 1 de agosto de 2018

TRADIÇÕES: Alpalhão com as fontes floridas


“A D. Rosa já chegou da estação”
Como é costume desde há alguns anos a esta parte, a vila de Alpalhão “acorda” no dia 3 de Maio com as suas fontes engalanadas, vestidas de mil flores e cores, num hino à vida e à Primavera que capta e desperta a curiosidade, não só dos visitantes, como dos próprios residentes.
São flores do campo e dos pequenos jardins e quintais que as crianças das escolas e os moradores de cada rua próxima das fontes se empenham em colher, juntar e transformar em colares, que depositam, logo pela manhã, junto de cada fonte. Aos colares de flores campestres, este ano colhidas sob chuva intensa, juntam-lhe outras das roseiras do quintal ou do jardim público, pois, os fins, para esta “sinfonia das flores”, justificam, plenamente, os meios.
Mas de onde vem esta tradição? A explicação, ouvimo-la a algumas das mulheres que junto à Fonte Nova mostravam, orgulhosamente, o fruto do seu trabalho: a fonte toda enfeitada, com esmero e alegria, não fosse a “sesta”, no rigor do trabalho do campo, uma preciosa conquista. O ritual da sesta, ou “ir buscar a D. Rosa à estação” está devidamente explicado na redacção, que reproduzimos, de um aluno da Escola de Alpalhão, sobre o dia 3 de Maio:
“Era costume neste dia enfeitarem-se as fontes. E porquê? Era para festejar o primeiro dia de sesta. Os alpalhoenses trabalhavam do nascer ao pôr do sol e comos os dias, nesta altura, já são maiores, havia necessidade de descansarem.
Então enfeitavam as carroças com rosas e flores campestres (malmequeres) e chegavam à vila, também enfeitavam os fontanários.

Como é Dia de Santa Cruz, faziam cruzes enfeitadas também com flores e colocavam-nas nos campos (para terem boas searas) e nas casas para terem sorte. Os alpalhoeiros para não dizerem que “iam dormir a sesta”, usavam a expressão: “Vamos buscar a D. Rosa à estação”.”
Costume bonito, uma belíssima reprodução etnográfica, num tempo em que o trabalho no campo, praticamente acabou e a estação ferroviária, seja a de Vale do Peso, sejam as outras do chamado Ramal de Cáceres, tal como o próprio caminho de ferro, já conheceram melhores dias e algumas vão resistindo à morte lenta anunciada, num estado de letargia e de quase abandono, que todos conhecemos.
A D. Rosa já chegou da estação e todos os anos, no dia de Santa Cruz (de Maio) as fontes de Alpalhão cobrem-se de flores e alegria enquanto um manto de saudade e nostalgia, invade, cada uma das ruas e casas, onde os moradores, sujeitos de um presente, que tem um passado, relembram histórias e vivências antigas.
As flores – não as de verde-pinho – são, afinal, lembranças de um tempo que viveram e do qual querem transmitir a memória aos presentes e vindouros.
Tempo de mocidade, alegria, de trabalho duro e mal pago, mas mesmo assim, recordado em quadras de fino recorte popular que as mulheres da Fonte Nova, foram decorando para o papel.
Bom dia D. Sebastiana, Maria José, Coleta, Francisca,Teodolinda, Maria Luísa, Maria José, Liberata, e também, Ana da Conceição! Gostei de vos encontrar, um ano depois, partilhar convosco a beleza e encanto, a magia, que puseram nessa tarefa tão simples e tão complexa que é transmitir, na poesia das flores, uma vida nova, à velha fonte que dá nome à rua da Fonte Nova.
 A Fonte Nova, as fontes de Alpalhão estão lindas! Mantenham-nas, sempre, assim e, enquanto viverem, não se esqueçam de “ir buscar a D. Rosa à estação!”.
Mário Mendes in “Jornal de Nisa” nº 231 - Maio 2007

sexta-feira, 27 de julho de 2018

NISA: No 75º Aniversário do Sport Nisa e Benfica

UM CLUBE EM FESTA
O Sport Nisa e Benfica está a comemorar 75 anos de existência. O programa das comemorações teve início no dia 26 de Setembro com a realização de um passeio a cavalo e prosseguiu neste fim-de-semana (1 e 2 de Outubro) com um conjunto de iniciativas destinadas a evocar a vida da mais popular colectividade desportiva do concelho de Nisa. As rivalidades com o Sporting
A história do Sport Nisa e Benfica remonta ao longínquo ano de 1935, quando um grupo de jovens, no auge das rivalidades locais com a filial nisense do Sporting, tomou a iniciativa de “romper” com as estruturas existentes e de criar uma nova colectividade.
A fundação do clube, com o nome inicial de Sport Lisboa e Nisa, data de 1 de Outubro de 1935, dando corpo ao sonho dos nisenses Isaac Araújo Baptista, José da Piedade Pires, Esteves da Anunciada Cebola e António Maria Carolo.
Em 13 de Janeiro de 1936, é eleita a primeira direcção, dela fazendo parte: o médico António Granja, José da Piedade Pires, Vicente Fernandes Nogueira, Eduardo Dinis Filipe, Esteves da Anunciada Cebola, José da Graça Sena, José Carita Serralha, João da Cruz Charrinho, Virgílio Pinheiro, João da Cruz Charrinho e António Semedo da Piedade.
A primeira sede instalou-se numa casa alugada na Rua da Fonte; anos mais tarde e também por arrendamento, transferiu-se para instalações muito mais amplas, na Estrada de Alpalhão (rua 25 de Abril), onde tinham lugar, em datas certas, grandes bailes populares, iniciativas destinadas a obter de receitas para o clube e principal razão de angariação de sócios.
Em 1946 e por força da determinação do Sport Lisboa e Benfica, o clube passou a designar-se com o nome que tem hoje, Sport Nisa e Benfica, tornando-se na 39ª filial do clube lisboeta.
Os jogos da bola e os bailes no “Galocha”
No início eram os jogos de futebol com o rival Sporting, sem qualquer espírito de competição oficial. Os bailes populares, já referidos, constituíam as mais importantes manifestações colectivas num tempo em que na vila (e no país) as colectividades espelhavam a divisão inter-classista existente e por isso os bailes no Benfica eram conhecidos como os bailes do “Galocha”, para vincar o seu carácter profundamente popular e rural (dos trabalhadores do campo) em compita com outras agremiações como a Sociedade Artística (dos "artistas" e que incluía todos os artesãos, a excepção dos trabalhadores rurais) ou o Clube Nisense, “poiso” de uma burguesia local e regional, que não admitia “misturas”.
Com este quadro, fácil é perceber que o Nisa e Benfica fosse a associação com maior número de sócios e também de actividades, e profundamente enraizada entre a população.
O atletismo praticou-se durante alguns anos, bem como o ciclismo, uma modalidade muito popular durante os anos cinquenta e sessenta do século passado.
É no início da década de 60 que o Sport Nisa e Benfica participa pela primeira vez em provas oficiais de futebol. Aos “distritais” de seniores, seguiram-se os juniores, os principiantes, e todas as demais categorias do futebol jovem, não só a nível distrital, mas também nacional, em seniores (3.ª Divisão) e juniores (campeonato nacional) numa caminhada que não mais parou e que todos os anos se renova, tanto a nível de novos atletas, como nas provas e objectivos com que se participa. Entre estes e num concelho que sofre os problemas da interioridade e da desertificação, assume relevo a ocupação salutar das crianças e dos jovens, a educação no espírito e respeito pelo “fair play”, valores alternativos aos mundos subterrâneos da droga e do vício e que, geralmente, constituem becos sem saída.
A par do futebol, o Sport Nisa Benfica manteve em actividade, secções de Cicloturismo, andebol e futsal, funcionando como secções autónomas e sem encargos para o clube. No futsal, conquistou o primeiro campeonato distrital organizado pela AFP tendo sido, aliás, um dos precursores desta modalidade, hoje tão popular no distrito. Outro tanto se passa com a equipa de futebol de veteranos (Velhas Guardas) que percorrem país, com total autonomia e auto financiando-se.
Além destas actividades e num espírito recreativo, o Sport Nisa e Benfica organiza regularmente torneios de pesca desportiva ou de futebol de salão e outros visando quer a obtenção de fundos, quer, acima de tudo, a dinamização desportiva e o convívio entre associados. Valorização do património
O Sport Nisa e Benfica dispõe de sede própria na Rua 25 de Abril, e de Campo de Jogos, com o nome de D. Maria Gabriela Vieira, a benemérita nisenses que doou ao clube, sem qualquer contrapartida, uma extensa propriedade, na qual está implantado o campo de futebol (105x65 m) balneários e anexos de ampla dimensão.
A reconstrução do imóvel na Rua 25 de Abril propriedade do clube e onde este se instalou há mais de 50 anos é hoje uma realidade, passando a dispor de melhores condições para os sócios e para a população que utiliza o salão para a realização de diversas festas de convívio ou familiares. A valorização do património é objectivo que não tem sido esquecido pelos diversos elencos directivos que têm gerido o clube.
Em 5 de Outubro de 1998 foi inaugurada pelo então Secretário de Estado do Desporto, Miranda Calha, a primeira fase da bancada (lateral).
No Verão de 2000 foi dado início à construção da bancada central no Campo de Jogos, incluindo a mesma uma cabine para a comunicação social. Estes melhoramentos que transformaram de modo significativo o conjunto de estruturas e equipamentos do Nisa e Benfica que, entretanto, passou a ser a 9ª filial do SLB, foram conseguidos por força de uma enorme dedicação e determinação.
Falta, porém, num clube com um brilhante historial de 75 anos de existência e que tantos atletas deu ao futebol distrital e nacional, aquela que seria a prenda maior: a implantação de um campo relvado ou sintético, a exemplo do que existe em todos os concelhos dos distrito.
Nisa, por ser um dos pioneiros e mais destacados, a nível do futebol, bem merece esta infra-estrutura.
Um rico historial
1975/76 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1976/77 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1977/78 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1978/79 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1979/80 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1980/81 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1981/82 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1982/85 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1986/87 - Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1987/88 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1998/99 - Campeão Distrital de Futebol (seniores) – 2ª Divisão
1998/99 – Vencedor da Taça AFP (seniores)
1999/00 - Campeão Distrital de Futsal (seniores)
2000/01 – Participação no Campeonato Nacional de Futsal (3ª Divisão)
2002/03 – Campeão Distrital Infantis
2003/04 – Vencedor da Taça AFP (Infantis)
2003/04/05/06 – Vencedor da Taça AFP Iniciados
2004/2005 – Vencedor da Taça AFP Juvenis
2008 – Ricardo Mateus em representação do Sport Nisa e Benfica é campeão nacional de corta-mato (juniores).
Comemoração dos 75 Anos do Sport Nisa e Benfica - PROGRAMA
Sexta-Feira, dia 1 – Cine Teatro de Nisa
18h – Missa em Memória de todos os sócios falecidos
22h – Espectáculo com a banda da Soceidade Musical Nisense
23h – Actuação de fadistas do concelho de Nisa
Sábado – Dia 2 Out. – Cine Teatro de Nisa
* 10 h Inauguração da Exposição dos 75 anos do Sport Nisa e Benfica
* 11h – Sessão solene com entrega de lembranças
* 13 h – Almoço convívio (garagens da CM Nisa) com a presença de 2 glórias do Sport Lisboa e Benfica
* 18,30h – Porco no espeto na sede do SNB para todos os sócios.
Actuação do grupo de música popular “Domingos & Dias Santos”
Mário Mendes in "Fonte Nova" - 2 Out. 2010