Mais de 70 actuações em ano e meio de existência
“ O que são estes ritmos, senão gritos selvagens que nos
libertam da alma a raiva e a rebeldia que nos depositaram à nascença” -
-Cátia Godinho, 17 anos, elemento do Tocá Rufar
São o mais recente grupo de música popular de Nisa. Criados
em Fevereiro de 2006, em ano e meio de actividade, intensa e entusiástica, os
Bombos de Nisa não têm tido mãos a medir, nem ânimo a refrear, para irem
satisfazendo os inúmeros pedidos que lhes chegam de todo o país para animar
festas populares. Neste ainda curto espaço de tempo, foram mais de 70 as actuações
do grupo, de Rio Maior ao Seixal, de Portalegre a Mourão, tem sido um rodopio
constante, em defesa da música de raiz tradicional e da divulgação do nome de
Nisa.
Pontos altos nas suas actuações, a participação, por duas
vezes, no Festival "Portugal a Rufar", no Seixal, os Desfiles
Etnográficos em Campo
Maior e a Festa do Avante, onde brindaram os milhares de
visitantes com um espectáculo de grande vigor, virtuosismo e alegria, sendo
recebidos com manifestações de apoio e entusiasmo
Como tudo começou
“Foi uma brincadeira, começa por explicar José Maria
Martins, um dos principais impulsionadores dos Bombos e o seu primeiro
presidente da direcção.
“Começámos, a brincar, no Carnaval de 2006, em Nisa, com 12
elementos. A surpresa, o entusiasmo e o apoio das pessoas foi de tal ordem que
houve logo muita gente a querer integrar o grupo e chegámos rapidamente aos 30
elementos. Este é o número certo, pois garantir instrumentos e deslocações para
mais pessoas, é difícil.”
Refeitos do impacto que provocaram e com a adesão de muitos
jovens, logo os elementos do grupo trataram de arranjar um local para ensaios,
que viriam a conseguir graças ao apoio da Junta de Freguesia de Nossa Senhora
da Graça, que lhes disponibilizou um espaço.
“Foi um apoio importante, para mais fora da vila, onde
podemos “bombar” à vontade e sem incomodar ninguém. Mas o que nós queríamos
mesmo era um espaço nosso, pois sabemos das dificuldades da Junta em partilhar
aquele espaço connosco.
Foi a pensar nisso e em termos alguma autonomia que resolvemos
constituir-nos em associação cultural e recreativa, com estatutos próprios.”
Mais de 60 actuações em ano e meio
Poucos grupos de música terão tido uma vida tão intensa em
tão curto espaço de tempo. De Fevereiro de 2006 a Setembro deste ano,
foram já mais de sessenta as actuações dos Bombos de Nisa, não só no próprio
concelho, onde actuaram em todas as freguesias, mas por todo o distrito de
Portalegre, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Elvas, Rio Maior, Cedillo
(Espanha), e muitas outras localidades. Neste fim de semana (29 de Setembro)
actuam em Portalegre e Mourão.
“Não esperávamos, de facto, uma actividade como a que temos
tido e nem sempre podemos responder aos convites que nos fazem, pois já temos
recusado alguns, por falta de transporte.
Quero aproveitar para agradecer o apoio da Câmara Municipal
de Nisa que, neste aspecto, muito nos tem apoiado. Em todas as terras onde
vamos temos sido muito bem recebidos, com grande apoio e carinho, e sem em
todas as festas damos o nosso melhor, temos de destacar, com grande
manifestações de motivação, as duas participações no festival “Portugal a
Rufar”, uma iniciativa impressionante e única em Portugal, com 700 bombos a
tocar, e a Festa do Avante, pelo entusiasmo com que nos receberam, mas acima de
tudo por podermos “bombar” durante o desfile, para milhares de pessoas.”
Controlar o entusiasmo
Os Bombos de Nisa são um grupo misto. Conta com trinta
elementos, oito dos quais são mulheres, seis crianças, a mais nova com seis
anos, dispondo, em cada actuação de vinte elementos que tocam bombos, caixas e
timbalões (os bombos mais pequenos).
Não se pense que é uma tarefa fácil, a de tocar bombo. Para
além do peso do instrumento e da maçaneta, é o esforço de caminhar com um peso
às costas, muitas vezes num percurso extenso.
Os Bombos de Nisa ensaiam nos fins de semana, que é quando
todos se juntam e durante hora e meia, passam em “revista”, acertando este ou
aquele toque ou tempo de entrada, as sete peças (rufos) que integram o seu
repertório.
Ainda com pouco tempo de existência, já aprenderam noções
básicas de como desfilar e como galvanizar o público. Uma aprendizagem que
fizeram por conta própria, dado que este tipo de agrupamentos é mais vulgar no
centro e norte do país, quase raros, na zona sul, à excepção da grande Lisboa,
onde os instrumentos de percussão ganham cada vez mais adeptos.
“ Nós não queremos crescer a todo o custo. Vamos devagar,
subindo cada degrau. O que nos motiva, para além de levarmos bem longe o nome
de Nisa e de nos divertirmos, é que as contas estejam em dia e posso dizer que
todo o material que temos está pago.”
Todo o material, são seis caixas e seis timbalões que
custam, em média, 150 euros cada e ainda trinta bombos, ao preço de 200 euros a
unidade, sem falar nas maçanetas.
Neste aspecto, os Bombos de Nisa nem sequer se podem
queixar. Há alguns amigos que tomaram a iniciativa de lhes ofertarem um destes
instrumentos e dentro do grupo, um elemento, José Maria Carrasco Bizarro, tomou
a seu cargo não só a construção de bombos, como a sua reparação.
Talvez por isso, a palavra de ordem inicial do grupo
“Cuidado, com as peles!” (as “peles”, em Nisa, têm outra conotação que me
escuso a explicar) deixaram de fazer sentido.
Os homens e mulheres do grupo, adultos, jovens e crianças,
quando lhes dão é com força e entusiasmo.
Aquisição de uma carrinha
Apoio é o que pede José Maria Martins, o presidente da
direcção.
“Gostávamos de ter o nosso espaço próprio, para os ensaios,
recebermos as pessoas amigas e poderem ver como é que funcionamos. Outra das nossas
grandes carências é a falta de um transporte, uma carrinha de nove lugares, que
pudesse de algum modo garantir as deslocações a localidades mais próximas.
Vamos tentar adquiri-la e desde já todas as ajudas são bem-vindas.
Como está nos nossos estatutos, somos um grupo sem fins
lucrativos. Ninguém recebe um tostão que seja e todos tocam por amor à
camisola. O que recebemos pelas actuações destinam-se, exclusivamente, à compra
ou à reparação de instrumentos. Estamos a pensar numa vestimenta própria. As camisolas,
felizmente, muitos têm sido os patrocinadores que as têm oferecido e aos quais
aqui agradecemos publicamente. Aproveitamos também para agradecer o apoio dado
pela Inijovem e pelo Rancho Típico das Cantarinhas, fundamentais para o
arranque da nossa actividade.
A todas as pessoas de Nisa, associações e de outras
localidades, o nosso muito obrigado. Os Bombos de Nisa existem, também, graças
a elas. E, por elas, vamos continuar, com redobrado estímulo, a “Bombar”.
Contactem-nos através de TLMs 964430552 / 918746508.
E, não se esqueçam: Tenham cuidado com as Peles!”
“Este é um grupo onde há igualdade”
- Ana Cristina e Ana Luísa
A Ana Cristina e a Ana Luísa são duas jovens de 19 anos,
primas e integrantes dos Bombos de Nisa.
“Viemos para o grupo, onde já havia outros familiares, para
nos divertirmos e pelo convívio. Este é um grupo onde todos se conhecemos e
damos bem, para além disso, homens e mulheres não se medem aos palmos, nem pela
diferença de sexos”.
Ambas fazem parte dos corpos sociais da recém constituída
associação “Bombos de Nisa” e defendem que “o grupo tem condições para ir mais
além, assim haja unidade e as pessoas não deixem de nos apoiar”.
Bombos querem promover a música tradicinal
Os Bombos de Nisa, assim se denomina a associação, têm como
objectivo “a promoção e divulgação da música tradicional portuguesa, através do
toque de instrumentos tradicionais de percussão, nomeadamente de Bombos e
Tambores.
Os corpos sociais eleitos, são os que seguem:
Assembleia Geral
Filipe Carrasco – Presidente
José Carrasco – Vice Presidente
João Trigueiro – Secretário
Direcção
José Maria Martins – Presidente
José Carrasco Bizarro – Vice Presidente
Ana Cristina Bizarro – Secretária Geral
Marco Rodrigues – Tesoureiro
Joana André, Ana Luísa e Élvio – Vogais
Conselho Fiscal
Avelino Silva – Presdeinte
Liliana Bizarro – Relator
Filipe Manso – Secretário
Mário Mendes in “Jornal de Nisa” - 2008