Durante
quatro dias (17,18,24 e 25 de Outubro) a sala de entrada do antigo Jardim de
Infância de Alpalhão abriu a porta para mostrar a exposição “Pedra com Arte” de
António José Pedroso.
Nascido
em Lisboa há 50 anos, António José Pedroso veio para Alpalhão ainda adolescente
para trabalhar nas pedreiras.
Aqui
acabou por namorar, casar e constituir família. Uma filha e um filho são as
suas “raízes” alpalhoenses de 35 anos de vivência nesta vila, onde acabou por
se associar às colectividades, à Paróquia, à autarquia e a todas as iniciativas
de promoção desta terra que sente como sua.
Ligado
às pedras e às pedreiras, desde pequeno, António José Pedroso é encarregado na
empresa Granitos da Maceira, que extrai da terra os famosos granitos azuis de
Alpalhão.
O
gosto e a arte pela pedra, de aproveitar, com criatividade e “alma” artística,
os rejeitos ou desperdícios da pedra, ganhou-o depois de ter frequentado um
curso de formação em cantaria artística e ornamental.
“Antes
eu já fazia algumas coisas por brincadeira, mas no curso aprendi a desenvolver
algumas técnicas e nos tempos livres nunca mais parei. Tudo o que está nesta
exposição (83 peças) foi feito por prazer, por pura recreação. Já me pediram
para fazer peças por encomenda, mas a componente comercial, por enquanto, está
fora de causa”.
Durante
os quatro dias em que a exposição esteve aberta ao público, muitas foram as
pessoas que passaram pela ampla sala do antigo Jardim de Infância, quase todas
surpreendidas não apenas com a variedade e beleza das peças expostas, mas,
sobretudo, por desconhecerem os dotes artísticos de António José Pedroso.
Janelas,
nichos, figuras religiosas, fogões de sala, candeeiros, um magnífico presépio,
tudo em granito esculpido, trabalhado com a paciência e o pormenor que fazem os
artistas.
Artistas
da pedra, que requer cuidado, esmero e canseira sem par.
“Esta
foi a minha primeira exposição. Por diversas vezes me convidaram para mostrar
os meus trabalhos em vários sítios, mas fui recusando, até que surgiu esta
oportunidade, a fazer lembrar a Bienal da Pedra. É aqui que tenho trabalhado
toda a vida, era aqui que fazia sentido fazer a minha primeira exposição, que
pode ter sido a primeira de muitas exposições.”
António
José Pedroso não esconde a alegria que esta mostra lhe causou, quer pelo número
de visitas, quer pelas mensagens deixadas no “livro de “visitas”.
“
Foi muito bom ter vindo aqui tanta gente e também receber palavras de estímulo
para continuar e de apreço por tudo o que viram. O que aqui está foi feito por
prazer, não ganhei um tostão com estas peças. O ano passado, ofereci algumas
peças pelo Natal, inclusive aos meus filhos. Eram prendas originais, em tempo
de crise”.
A
exposição foi organizada por Lídia Rolim, Maria d´Assunção e Maria José Alfaia,
com o apoio da Junta de Freguesia de Alpalhão.
À
falta da Bienal da Pedra, a arte de António José Pedroso, trouxe um pouco de
animação e cultura, à terra dos granitos. Iniciativa que uma idosa alpalhoense
“agradeceu” na singela quadra:
Ó
estrelinha do norte
O
pôr-do-sol aparece
Se
queres saber o meu porte
Procura
a quem me conhece!
Mário
Mendes in "O Distrito de Portalegre"- 29/10/09