domingo, 10 de abril de 2016

ALPALHÃO: A arte da pedra de António José Pedroso

Durante quatro dias (17,18,24 e 25 de Outubro) a sala de entrada do antigo Jardim de Infância de Alpalhão abriu a porta para mostrar a exposição “Pedra com Arte” de António José Pedroso.
Nascido em Lisboa há 50 anos, António José Pedroso veio para Alpalhão ainda adolescente para trabalhar nas pedreiras.
Aqui acabou por namorar, casar e constituir família. Uma filha e um filho são as suas “raízes” alpalhoenses de 35 anos de vivência nesta vila, onde acabou por se associar às colectividades, à Paróquia, à autarquia e a todas as iniciativas de promoção desta terra que sente como sua.
Ligado às pedras e às pedreiras, desde pequeno, António José Pedroso é encarregado na empresa Granitos da Maceira, que extrai da terra os famosos granitos azuis de Alpalhão.
O gosto e a arte pela pedra, de aproveitar, com criatividade e “alma” artística, os rejeitos ou desperdícios da pedra, ganhou-o depois de ter frequentado um curso de formação em cantaria artística e ornamental.
“Antes eu já fazia algumas coisas por brincadeira, mas no curso aprendi a desenvolver algumas técnicas e nos tempos livres nunca mais parei. Tudo o que está nesta exposição (83 peças) foi feito por prazer, por pura recreação. Já me pediram para fazer peças por encomenda, mas a componente comercial, por enquanto, está fora de causa”.
Durante os quatro dias em que a exposição esteve aberta ao público, muitas foram as pessoas que passaram pela ampla sala do antigo Jardim de Infância, quase todas surpreendidas não apenas com a variedade e beleza das peças expostas, mas, sobretudo, por desconhecerem os dotes artísticos de António José Pedroso.
Janelas, nichos, figuras religiosas, fogões de sala, candeeiros, um magnífico presépio, tudo em granito esculpido, trabalhado com a paciência e o pormenor que fazem os artistas.
Artistas da pedra, que requer cuidado, esmero e canseira sem par.

“Esta foi a minha primeira exposição. Por diversas vezes me convidaram para mostrar os meus trabalhos em vários sítios, mas fui recusando, até que surgiu esta oportunidade, a fazer lembrar a Bienal da Pedra. É aqui que tenho trabalhado toda a vida, era aqui que fazia sentido fazer a minha primeira exposição, que pode ter sido a primeira de muitas exposições.”
António José Pedroso não esconde a alegria que esta mostra lhe causou, quer pelo número de visitas, quer pelas mensagens deixadas no “livro de “visitas”.
“ Foi muito bom ter vindo aqui tanta gente e também receber palavras de estímulo para continuar e de apreço por tudo o que viram. O que aqui está foi feito por prazer, não ganhei um tostão com estas peças. O ano passado, ofereci algumas peças pelo Natal, inclusive aos meus filhos. Eram prendas originais, em tempo de crise”.
A exposição foi organizada por Lídia Rolim, Maria d´Assunção e Maria José Alfaia, com o apoio da Junta de Freguesia de Alpalhão.
À falta da Bienal da Pedra, a arte de António José Pedroso, trouxe um pouco de animação e cultura, à terra dos granitos. Iniciativa que uma idosa alpalhoense “agradeceu” na singela quadra:
Ó estrelinha do norte
O pôr-do-sol aparece
Se queres saber o meu porte
Procura a quem me conhece!

Mário Mendes in "O Distrito de Portalegre"- 29/10/09