sexta-feira, 29 de julho de 2016

OPINIÃO: A inigualável gente da minha terra

ADENTRANDO O DIA DE TODOS OS SANTOS… ESTA INIGUALÁVEL, QUERIDA GENTE DA MINHA TERRA, CUJO EXEMPLO DE VIDA NÃO PODEMOS IGNORAR…
A MINHA VIZINHA MARIA DA SILVA ERA UMA HEROÍNA. TENHO POR CERTO QUE NO LADO DE LÁ SERÁ RECOMPENSADA. A ANA MARIA, A MAIS PEQUENINA DAS SUAS DUAS FILHAS COM A ISABEL… A NOTÍCIA POSTERIOR DO TEU DESENLACE FÍSICO... MINHA QUERIDA AMIGA AMARGUROU-ME, PELO SOFRIMENTO POR QUE PASSASTE E POR NÃO TE TER PODIDO ACOMPANHAR …ESTAR…
QUANTO TE ESTIMO ...QUANTO TE ADMIRO... COMO ADMIRAVA O TEU EXEMPLO DE VIDA!…O TEU SOFRIMENTO FÍSICO…TANTO SOFRIMENTO … SENHOR... SENHORA DA GRAÇA!
Ao tempo a minha casa, naquele período ante Páscoa, adentrava uma costureira amiga, dedicada e competente, levada pela Vizinha Maria da Silva, uma óptima pessoa e costureira que executava tudo na perfeição, que preparava os vestidos de anjo das meninas para a Procissão dos Passos, e outro vestuário.
A  vizinha Maria não tinha ainda realizado as obras que se seguiram.
Reinava a alegria na minha casa. Minha mãe não migava sopas….Vizinha Maria Augusta! Tem lá a sua máquina ou leva-se lá a minha? A minha casa com o negócio não convém.
Vizinha  Maria Augusta o que é que diz? Maria, isso é problema?
Aliás não  era preciso pedir a minha mãe, tudo o que a vizinha Maria decidia estava bem decidido e não se fala mais nisso. A vizinha era um impulso da natureza e planificava coisas com o maior à vontade de gestão.
A vizinha Maria era como se fosse da casa e o vai-vem das meninas era uma festa. Contínua.
A vizinha Maria era um ser magnífico. Se jogasse futebol dir-se-ia um falso lento.
Como a sua vida era pesadíssima, esses momentos de aparente paragem serviam –lhe para racionalizar estratégias e acções, traçar objectivos que ia discernindo.
Em minha casa era  tudo… gozava, privilegiava a nossa total familiaridade, as portas estavam – lhe totalmente abertas e sem qualquer reserva.
Nesse período reinava a alegria, a Ana Maria e a Isabel entravam e saíam e tudo eram risos com as suas presenças constantes.
A Ana  Maria a pronunciar Vião em vez de João, e outras palavras engraçadas. A vizinha Maria era acolhida por minha mãe com o maior dos carinhos, e quando o Senhor António infelizmente partiu tão cedo minha mãe temeu pela sua depressão, não a largou e reergueu-a… Maria, não te isoles nessa tristeza! Tu és tão corajosa… A vida continua, olha  as tuas filhas tão lindas, anda lá…vamos lá.!
E assim foi! …
E renasce uma pessoa invulgarmente trabalhadora, mãe de filhas tão lindas, em grande plano na luta pela vida..
Exemplo para nós….A vizinha Maria, como dito em título, era uma heroína … e as suas filhas valores fora do comum com alto sentido de responsabilidade.
As visitas constantes do Senhor Domingos e da avó das meninas, uma senhora muito calma, sublimavam a falta do Senhor António… A vizinha Maria e a nossa querida Ana Maria foram da maior caridade e desvelo para minha  mãe, apesar dos seus afazeres, ultrapassando critérios gerais de bondade, igualmente para mim, a maior paz e o seu repouso eterno.
Donde… moro sem casa em Nisa. Nisa e sua gente moram no meu coração, o meu coração é a  minha terra, a nossa gente na sua bondade sem limites, gente de paz, de misericórdia, de perdão, que Nossa Senhora  da Graça gravou em nós para sempre  .
De gente tão boa como a Maria Diniz. Os desenhos dos bordados da minha avó Josefa vou levar-tos como prenda e homenagem à beleza da tua arte, à beleza da tua bondade, do teu ser magnífico de mulher de Nisa, e tu que cantas tão bem  fazes tanta falta com o teu enorme valor  no coro da paróquia… Como a Senhora da Graça me parece confidenciar com o seu largo sorriso. Fazia-te tão bem…Serias ainda mais feliz!...
Porque não?
A  amizade certa do João Castanho

14 de novembro de 2013

NISA: Memória Histórica

ROUBO DE MEL
Câmara Municipal - Correspondência expedida – Anno de 1905
12/4/1905 - Carta ao Juiz
Hontem, o regedor da freguesia de São Matias, d´este concelho, apresentou-me sobre prisão Manoel Simplício *, solteiro, filho de Álvaro Dias *, do Monte da Velada, por ter sido encontrado, hontem, por 10 horas da manhã, no sítio do carqueijal, a roubar o mel de uma colmeia, pertencente a Francisco Toco, morador no Monte do Cacheiro, sede da referida freguesia.
E ainda mais por se lhe attribuir cumplicidade na deterioração de 30 colmeias, de differentes indivíduos, desde o ultimo Entrudo até ao presente.
Deu hontem entrada na cadeia, aonde ficou à disposição de Vª Exª. São testemunhas da occorrencia João Thomaz, moleiro, casado, António Freire, solteiro, ambos moradores no Monte da Velada da já dita freguesia.
O Administrador do concelho – Joaquim Lopes Subtil
* Estes nomes foram alterados para preservação da identidade e memória dos visados
AS VARAS DO PÁLIO - Sessão de 20 de Março de 1877
Também deliberou a Câmara que estando próximo o dia de Páscoa se devião convidar os cidadãos que havião de levar as varas do Palio e a Câmara deliberou convidar os seguintes:
Dr. António Diniz Vieira, Dr. José da Graça Pereira Roza, Dr. Balthazar Mouzinho de Vasconcellos Almadanim, António Maria Caldeira Tonilhas, José Pedro Pestana Goulão, e finalmente José Maria Diniz Vieira, e que destas nomiações se fizessem os competentes convites com a necessária antecipação.
ILUMINAÇÃO PÚBLICA - Sessão camarária de 27/2/1877 
Mais deliberou a Câmara que visto já terem chegado seis candieiros para a illuminação desta villa, se colocassem um na esquina da caza de Vicente José Berço na Rua das Adegas, outro na esquina da caza de José Maria Deniz Sampaio; outro na esquina da estalagem de Dona Antónia; outro no fim da caza onde vive o escrivão de Fazenda, junto à caza de Joaquim Carita Themudo no Terreiro; outro à quina da casa onde vive Joaquim Coelho e outro finalmente à esquina da caza onde vive o serralheiro para o lado da rua do Mourato.

NOVO CÔNSUL HONORÁRIO DE TOURS É DE NISA

Uma honra para toda a Comunidade Nisense
Ilídio Luís Balonas Palheta, natural de Nisa, tomou posse no passado dia 2, como novo Cônsul Honorário de Tours.
A nomeação para o cargo foi proposta pelo Embaixador de Portugal em Paris, António Monteiro que teve em conta o percurso profissional de Luís Palheta, que o diplomata considerou "exemplar".
Ilídio Palheta, ainda criança, emigrou para França com os pais e irmãos, na década de 60 do século passado. Em França e após concluir a instrução primária, trabalhou na construção civil e aos 18 anos emigrou para os EUA, onde esteve durante cinco anos, vivendo algum tempo também no Canadá.
Regressou a França em 1979 e retomou os estudos, primeiro em Contabilidade e depois em Direito, tendo concluído o curso em 1988 na Universidade de Poitiers.
Exerce a advocacia desde 1989, primeiro como estagiário, durante dois anos, depois como profissional independente, situação que alterou em 2006 quando iniciou a colaboração com dois sócios e três colaboradores.
Especializado em Direito do Trabalho, área em que a sua actividade em toda a Touraine é mais conhecida, Ilídio Palheta é também professor na Universidade de Tours no Institute d´Administration des Entreprises, ao nível do Master.
Ilídio Palheta, acaba de ser escolhido pelas autoridades diplomáticas, para representar Portugal na região de Tours, no centro de França. A distinção como Cônsul Honorário, sendo um sinal de reconhecimento pelo prestígio que alcançou, representa, também, uma honra para toda a comunidade nisense espalhada por França e para a sua Nisa, a terra onde nasceu e que, não lhe tendo oferecido grande coisa, despertou nele o instinto e a vontade, indomável, de lutar, aprender e chegar mais longe.
Notícia completa no Jornal de Nisa - nº257

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Pelourinho de Nisa - História com final (quase) feliz



Foi há 40 anos. O Pelourinho de Nisa voltava ao lugar de onde tinha sido apeado no séc. XIX. Culminava assim uma longa história e caminho percorrido, cheio de discursos de intenções, até então não concretizados. Antes disso, o "corpo" do monumento, fragmentado, andou pelas arrecadações da Câmara e a coluna principal, erguida num dos extremos do jardim, foi servindo como apoio aos cartazes de cinema e de outros espectáculos.
Em 1968, a Câmara presidida por João Gouveia Tello Gonçalves, concretizava, finalmente, não só a reposição do pelourinho no lugar a que tinha direito, como o arranjo da "Praça".
As laranjeiras e os bancos de pedra vieram depois. O espaço em redor do monumento foi ajardinado e tudo parecia em ordem e harmonia. Até que... (foi você que pediu um arquitecto-paisagista?) alguém, insensível, se lembrou de colocar duas "sentinelas" a guardarem o pelourinho, não vá ele fugir. Dois "arbustos", dizem, que, transformados em árvores - que ninguém, ainda, teve o dever e a coragem de mandar cortar - escondem, roubam a dignidade a uma peça escultórica e histórica que dá razão e sentido ao edifício que lhe fica defronte.
É a segunda "morte" do Pelourinho de Nisa. Fantasmas que, estou certo, alguém de boa fé e inteligência há-de, brevemente, colocar no seu devido lugar.
Os pelourinhos são, não o esqueçam, os símbolos do poder local, do municipalismo em Portugal. E contra isso não há arbustos nem arquitectos-paisagistas que lhe valham...
Mário Mendes - Nov. 2008

CERENISA- Centro de Reabilitação Física de Nisa

20 anos a promover a saúde da população
A Cerenisa – Centro de Reabilitação Física de Nisa, completou 20 anos de actividade em prol da saúde da população do concelho. Paulo Bagulho, sócio-gerente e um dos fundadores da empresa traça-nos aqui o percurso destes 20 anos de existência.
Como e quando nasceu a Cerenisa e quais os seus objectivos?
“ A Cerenisa foi criada em 29 de Setembro de 1988, tendo como sócios-fundadores Paulo Bagulho e Alexandrino Pereira, que sairia três anos mais tarde.
O início da actividade teve lugar no Terreiro da Devesa, no consultório do Dr. Vinagre e os objectivos eram os da prestação de serviços na área da medicina física e reabilitação. O ano seguinte (1989) marca o futuro do Centro de Reabilitação com a ligação ao projecto termal por convite do então presidente da Câmara, dr. José Manuel Basso.
A Cerenisa coloca no balneário todo o equipamento terapêutico, desde os calores húmidos ao equipamento de electroterapia e de ginásio, ao serviço do prof. Ramiro Valentim que se encontrava a fazer o estudo médico hidrológico da água das termas de Nisa.”
Como é que evoluiu a empresa?“Em 1990, mudámos de sede social, para as actuais instalações na Rua Júlio Basso nº 25, uma alteração da sede eu nos trouxe alguma melhoria, em espaço e na localização, o que possibilitou o alargamento dos serviços prestados, desde consultórios médicos com várias especialidades, análises clínicas e electrocardiogramas, para além do serviço de medicina física e reabilitação.”
Como é que aparece a ligação à Etaproni?
“A ligação aparece em 1992, altura em que a Cerenisa participa activamente na elaboração do plano curricular do 1º Curso de Termalismo (nível II) desta Escola, que decorreu até 1996, sendo o curso responsável pela formação de toda a equipa de operadores de termalismo que viria a assegurar a execução dos tratamentos termais até à presente data.
Mais tarde, entre 1996 e 1999, a Cerenisa é responsável pela prestação de serviços na área da balneoterapia, enfermagem, recepção e fisioterapia do balneário termal da Fadagosa de Nisa. Em 1996, temos ao serviço, 10 operadores de termalismo, 2 enfermeiros, 3 recepcionistas para a época termal.
No ano seguinte e com a criação da Ternisa E.M., participamos no capital desta empresa municipal, com uma quota de 15%, que ainda mantenho., ficando ligado ao projecto termal.
Em 2005, a Etaproni e mais duas escolas profissionais (Chaves e S. Pedro do Sul) lança um novo concurso de Termalismo (nível III) que vem a ser o primeiro em todo o país. Participamos activamente na elaboração do mesmo, sendo, logo de seguida, escolhida como local de trabalho escolar e campo de estágio, para muitos dos alunos, consecutivamente, nas vertentes da massagem manual, cinésioterapia e electroterapia.”
A nível de serviços, o que é que a Cerenisa oferece de inovador?“Houve, de facto, algumas inovações. Em 2007 iniciámos duas novas áreas de serviços, com a criação de um Centro de Estética, Cosmética e Bem-Estar, a funcionar em estreita ligação com a sua área de saúde, através do apoio dado pelos profissionais de várias especialidades (nutrição, dermatologia, cardiologia, fisiatria e educação física).
A segunda área aparece através da ligação a dois lares, os da Santa Casa da Misericórdia de Montalvão e de Vila Velha de Ródão, locais onde desenvolvemos projectos de actividade física para idosos.
Estes projectos visam essencialmente o combate à inactividade a que estão sujeitos estes utentes, muito principalmente aqueles que se encontram na valência de internamento.
Para tal são elaborados programas individuais de actividade física, a desenvolver num espaço apropriado e equipado de forma específica.”
Que balanço é que faz destes 20 anos de actividade?
“Penso que temos crescido devagar mas com passos seguros. Tem havido uma boa resposta da população e posso dizer que actualmente registamos uma média de 80 pessoas por dia, que utilizam os nossos serviços, desde as análises clínicas até à estética e bem-estar.
É essa resposta positiva da população que tem viabilizado o nosso projecto e que nos obriga a fazer sempre mais e melhor, de modo a garantirmos a mesma atenção e qualidade, nos serviços que prestamos à população.
É para isso que cá estamos e assim queremos continuar.”
"Jornal de Nisa" - nº 265 - 22/10/2008

NISA: Liga dos Amigos do Centro de Saúde

 Porque “há gente que precisa de gente”
Sensibilizar e dinamizar a prática do voluntariado dirigido para acções concretas de ajuda aos utentes e doentes do Centro de Saúde foi o objectivo da criação da Liga de Amigos do Centro de Saúde de Nisa fundada em Maio de 1998.
Tendo como lema “há gente que precisa de gente”, os primeiros passos desta instituição humanitária foram no sentido de criação de um grupo de Voluntariado Adulto, com objectivo de humanizar e criar um bem estar no doente, sendo este sempre posto em primeiro lugar, prioridade justificada devido ao facto de Nisa ser um dos concelhos mais envelhecidos da Europa.
 Desde a sua criação, a Liga tem tido uma expansão aceitável e vem desempenhando um papel de relevo no apoios às actividades do Centro de Saúde, não apenas no apoio presencial aos utentes, mas também na aquisição de diversos equipamentos e reparações de algumas infra-estruturas, colmatando diversas carências que, pelos meios normais demorariam a ser resolvidas.
De acordo com António Grácio, presidente da direcção “ os nossos dois grupos de Voluntariado que neste momento existem (Adulto e Jovem) têm sido acolhidos pela população com carinho e admiração.”
O voluntariado é a base e razão da existência da Liga e António Grácio explica-nos como funcionam estes grupos.
“O Voluntariado adulto tem como objectivo distribuir uma pequena refeição a meio da manhã aos doentes que se encontram à espera da sua consulta. O Voluntariado jovem procura tornar o internamento mais acolhedor para o doente internado neste Centro de Saúde que funciona como Unidade de Cuidados Continuados (em parceria com os diversos Hospitais do Norte Alentejano) disponibilizando-se para fazer compras aos doentes, companhia e sobretudo ajudam na distribuição das refeições.
Contamos ainda com outro tipo de actividades, tais como: comemoração do Dia do Voluntário, Festa de Natal para as Pessoas que vivem sozinhas, Dia de Natal, Dia do Doente, etc.
Vivemos num meio bastante isolado e tentamos que os adultos olhem para o doente com mais admiração, compreensão, respeito e carinho, e que os Jovens entendam que a vida não é só facilidades. Com bastante alegria eles transmitem uma outra vida aos doentes, que por vezes ficam grandes períodos de tempo internados e com as visitas pouco frequentes da parte dos familiares. Temos como objectivo humanizar e sensibilizar para um mundo melhor.”
Noticia publicada em 23/8/2007

terça-feira, 19 de julho de 2016

Clarinetista nisense ensina nos EUA

Carlos Alves é professor convidado em universidade americana
Gravou pela segunda vez um CD com o pianista brasileiro Caio Pagano, que conheceu há anos em Castelo Branco. Alentejano de Nisa, Carlos Alves é um dos clarinetistas principais da Orquestra Nacional do Porto e também um professor nos Estados Unidos.
"O Mozart era um génio. Nós somos normais, mas também fazemos algumas coisas especiais". As palavras são de quem começou a dar aulas aos 16 anos e, mais tarde, teve de competir com músicos estrangeiros para conquistar um dos lugares de solista na Orquestra Nacional do Porto (ONP). Instrumento: clarinete. Aos 37 anos, Carlos Alves é, também, um português que lecciona na Universidade do Estado do Arizona, nos EUA.
Chegou lá pela mão de Caio Pagano, pianista que foi colaborador de Maria João Pires no projecto de Belgais. Carlos estudava em Castelo Branco e teve Pagano como júri nas provas públicas. Seguiu-se a gravação de um disco em conjunto, "Contrastes de Bartók", e, recentemente, o convite para orientar "masterclasses" na universidade em que o músico brasileiro é catedrático.
Além de professor, Carlos Alves é artista convidado da instituição e, num dos recitais em que tocou no ano passado, foi descoberto por uma editora norte-americana. Assim se chegou à segunda parceria discográfica com Caio Pagano. O CD tem como título "Recital in the West", estando o concerto de lançamento agendado para o próximo dia 28, no Katzin Hall, em Phoenix, a capital do estado que alberga o gigantesco desfiladeiro Grand Canyon.
Muito sumariada, esta é a história de um instrumentista que nasceu em Nisa, distrito de Portalegre, e levou os estudos até Versailles (França), antes de ser um dos clarinetistas principais da ONP. E como é que tudo começou? "Fui empurrado para o clarinete. Depois, fui ficando e gostei. Como qualquer criança, queria instrumentos mais conhecidos, como o saxofone e a trompete", explica-nos.
Hoje, Carlos Alves diz que há uma "identificação muito pessoal" com o instrumento, que não trocaria por outro: "Nunca volto atrás no que faço". E acrescenta que, "em termos técnicos, o clarinete é dos instrumentos mais virtuosos", além de exigir mais leitura do que outros numa orquestra.
O músico acaba por reconhecer que é "prestigiante" a condição de português a dar aulas nos Estados Unidos, onde o nível de clarinete, em ensino e prática, é "muito alto". Mas logo adverte: "Não é muito diferente de Portugal, porque o nível, neste momento, também é muito alto. Portugal é um país extremamente forte no contexto internacional. E muito respeitado". A propósito, remata: "Está na altura, se calhar, de começarmos a exportar alguns dos nossos melhores instrumentistas".
As idas de Carlos Alves aos Estados Unidos começaram em 2009 e prolongam-se por este ano. De três em três meses. Em Portugal, o músico divide o tempo entre concertos pela ONP e aulas em Castelo Branco. E já actuou em peças de teatro.

Isabel Peixoto in “Jornal de Notícias” - Janeiro 2010

João Gomes Esteves recebe "Medalha de Ouro" da AIP

João José Correia Gomes Esteves, 1º Vice-Presidente da CEP – Confederação Empresarial de Portugal, foi agraciado com a Medalha de Ouro da AIP – Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comércio e Indústria, pelo "grande contributo e dedicação que tem prestado à vida empresarial e à sociedade portuguesa", como frisou o Presidente Jorge Rocha de Matos na cerimónia comemorativa dos 174 anos da AIP, realizada no passado dia 28 de Janeiro, em Lisboa.
"Tem dado enormes e valiosos contributos para o associativismo empresarial, especialmente como membro da direcção da AIP e de outras importantes associações, como a CIP, a APIFARMA, a Câmara de Comércio Luso - Americana, e também, recentemente como mentor e presidente da Comissão Instaladora que acaba de conduzir à criação da nova CIP – Confederação Empresarial de Portugal" – destacou Jorge Rocha de Matos na apresentação do homenageado, que recebeu a "Medalha de Ouro da AIP-CCI".
Persistente nos seus objectivos, João Gomes Esteves "tem desenvolvido uma missão de capital importância no apoio institucional às empresas, quer através das suas intervenções a nível nacional quer como dirigente em organismos internacionais como a BUSINESSEUROPE, a European Federation of Pharmaceutical Manufactures & Associations, entre outras".
João Gomes Esteves, que dedicou grande parte da sua vida ao associativismo e à defesa das causas da sociedade civil, desempenhou cargos da maior relevância, que resultam do prestígio que lhe é reconhecido e da sua capacidade de liderança, gerando consensos e contribuindo para o esforço colectivo de valorização dos ideais que defende.
No recente processo de constituição da Confederação Empresarial de Portugal, que resulta da integração das componentes institucionais da AEP – Associação Empresarial de Portugal e da AIP-CE – Associação Industrial Portuguesa – Confederação Empresarial na CIP – Confederação da Indústria Portuguesa, João Gomes Esteves desempenhou com grande competência um papel da maior importância, tendo sido o Presidente da sua Comissão Instaladora.
Tendo assumido essa responsabilidade em finais de 2009, João Gomes Esteves conduziu os entendimentos que levaram a que, depois de mais de duas décadas de tentativas não sucedidas para constituição de uma cúpula do associativismo empresarial, tivesse sido possível assinar em Junho de 2010 um acordo entre a AEP, a AIP e a CIP de que resultaria a constituição da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, cujos estatutos foram aprovados em Julho de 2010 e que elegeu os seus primeiros Corpos Sociais no início de Janeiro passado.
Segundo João Gomes Esteves, a atribuição da Medalha de Ouro da AIP "representa somente o reconhecimento da relevância do trabalho desenvolvido na defesa dos interesses das empresas no quadro do associativismo de cúpula", mas é, acima de tudo – acrescentou – "um incentivo a que os passos que foram dados no passado estimulem os que agora foram eleitos para, como pioneiros, desbravarem o caminho que há a percorrer para a consolidação do associativismo empresarial em Portugal".
O homenageado, actualmente 1º Vice-Presidente da CIP e Vice-Presidente da AIP, é Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Ordem dos Médicos Veterinários e da mesa da Assembleia Geral da Associação dos Antigos Alunos de Medicina Veterinária de Lisboa; membro do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa, da Comissão de Redacção dos Estatutos da Faculdade de Medicina Veterinária da UTL e da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
O contributo de João Gomes Esteves à causa associativa estende-se a outras organizações da sociedade civil: curador da Fundação AFID – Associação Nacional de Famílias para a Integração de Pessoas Deficientes; membro da Associação Nisa Viva, fundador e dinamizador da primeira fundação na área da indústria farmacêutica em Portugal, a Fundação Merck Sharp & Dohme; membro do conselho geral da Fundação Portuguesa de Cardiologia e Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Valormed.
A importância que sempre atribuiu à formação empresarial especializada levou-o a tornar-se bolseiro da OCDE e a cursar, depois, no INSEAD-Fontainebleau, na AESE-Lisboa, em Oxford-Reino Unido, em Columbia-EUA.
João Gomes Esteves: Um percurso notável
João José Correia Gomes Esteves nasceu em Nisa, a 22 de Janeiro de 1944, tem hoje 67 anos. Ainda em criança partiu para Marvão, vila onde ainda hoje tem uma casa que visita frequentemente. Ali cumpriu o Ensino Primário. Já em Portalegre, passou pelo Colégio de Santo António e pelo antigo Liceu, onde concluiu o antigo 7º ano, hoje 12º.
Pouco depois, o jovem Gomes Esteves rumou para Lisboa, onde foi bolseiro da OCDE e onde se formou em medicina veterinária, profissão que nunca viria a desempenhar.
Sucederam-se então múltiplas formações e pós-graduações nas áreas de gestão, e administração e finanças, muitas delas realizadas no estrangeiro (França, Inglaterra, Estados Unidos).
Em pouco tempo, Gomes Esteves passou de director dos serviços do Instituto Nacional de Investigação Industrial a director e presidente do Grupo Merck Sharp & Dohme, um cargo que implicou um grande sentido de missão não só nacional, mas também internacional.
No que respeita ao associativismo, também cedo começou a dar os primeiros passos. Logo na faculdade, foi presidente da Associação de Estudantes e, nos anos 80, Gomes Esteves começou a presidir a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), onde ainda hoje preside a Mesa da Assembleia.
Foi vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e é hoje 1º vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CEP), tendo sido o presidente da sua Comissão Instaladora.
Texto e fotos in "Fonte Nova" - 22/2/11

sexta-feira, 15 de julho de 2016

À FLOR DA PELE: Homenagem singela a José Curado Lopes da Silva

Partiu recentemente do nosso convívio, esta figura veneranda da cidade de Portalegre, de Nisa – terra onde nasceu há quase 100 anos – e do Norte Alentejano.
O texto que se publica é uma homenagem singela a um “homem do século” e cidadão do mundo, figura simples, trato afável e conversador nato. Com ele, o tempo passava veloz e ficava sempre a sensação de termos aprendido mais alguma coisa.
Reconhecido pela sua amizade, deixo expresso à família, sentidas condolências e a certeza de que Curado da Silva à imagem de Pablo Neruda poderia dizer: Confesso que vivi!
Mário Mendes
OS CASAMENTOS DE OUTRORA NA NOSSA TERRA (*)
- Curado da Silva
(...) Vejamos como eu vi na minha infância e alguns anos depois, os casamentos na nossa terra, porventura muito diferentes dos de hoje.
Os convites e as prendas
Aprazada a data do casamento, faziam-se os habituais convites, sempre na ordem de algumas dezenas nas classes mais pobres e de algumas centenas nas mais abastadas.
Muito curioso o facto de, ao contrário do que acontecia em qualquer outra parte, as prendas oferecidas aos noivos não serem constituídas por quaisquer objectos, mas antes por cereais, trigo ou centeio, um alqueire (15 litros) ou pelo seu valor em dinheiro, prendas a que se dava o nome de "serviço".
O local da boda (Quintal da Festa)
Dois os locais da boda: para os convidados em geral, um quintal amplo, devidamente atapetado com fetos ou juncos, para evitar o pó. A este quintal se dava o nome de "Quintal da Festa" no decorrer dos dias da boda. Neste quintal se abatia o gado, cabritos e borregos, se cozinhava em grande caçarolas de barro, assentes sobre pedras colocadas paralelamente a fazer de fornalha, junto de uma parede, quintal em que também se comia e confraternizava.
As mesas, sempre muito longas, eram por vezes formadas por escadas de mão assentes nos extremos sobre grandes pedras ou madeiros, com tábuas por cima, sobre as quais se estendiam as toalhas.
O outro local da boda, o da chamada "mesa grave", era em casa dos pais de um dos noivos ou já na futura residência dos mesmos. Nesta mesa apenas tinham assento os nubentes, seus pais e irmãos, os padrinhos e alguns parentes ou pessoas mais íntimas.
A ementa
 Muito curiosa e original ela era. Na véspera do casamento, ao almoço, batatas ou feijão frade, guisados, e ao jantar grão de bico ou feijão de cor guisados também.
No dia do casamento ao almoço, as conhecidas sopas de sarapatel, manjar feito com o fígado, bofe, coração e sangue dos cabritos e borregos.
Ao jantar, as chamadas sopas de afogado, prato a que também se dá o nome de ensopado mas, neste caso, não com batatas mas antes com grandes sopas de pão sobre as quais se deita o caldo e a carne.
Todas as referidas refeições eram servidas no quintal da festa em grandes bacias de louça colocadas sobre as mesa, distanciadas umas das outras de forma a que, de cada uma delas, pudessem comer grupos de quatro a seis pessoas.
Uma pessoa se encarregava de servir o vinho, em volta da mesa, bebendo todos pelo mesmo copo. Também muito curioso o facto de os convidados, os do quintal da festa, terem de levar o respectivo talher, aliás uma colher apenas. Na chamada "mesa grave" outros pratos podiam ser servidos para além dos atrás enunciados.
Quanto a bolos, doces, e algumas bebidas, ausentes do quintal da festa, eram servidos na mesa grave, mas em geral antes e depois do casamento em casa dos pais dos noivos.
As vestes dos noivos
O noivo envergava um fato normal que apenas poderia ser diferente nos casos de se tratar de um trabalhador do campo ou de um dos chamados artistas, isto é, de qualquer outra profissão que não a do campo.
Quanto às noivas, não envergavam elas o tradicional vestido branco nem o véu com flor de laranjeira, o que aliás não significava que fossem menos puras que a de outras terras, ostentando tais símbolos de virgindade.
O traje de então era constituído por saia rodada ou plissada, blusa (ou roupinha), lenço estampado ao pescoço e um grande xaile não preto, com grossas e compridas franjas. Em tempos mais recuados, porém, as noivas apresentavam-se totalmente de preto, com saia, blusa e mantilha.
A cama dos noivos
Uma grande excentricidade neste aspecto. Na véspera do casamento a cama era feita com todos os lençóis, colchas e cobertores do enxoval da noiva e exposta para quantos (ou melhor, para quantas...) a quisessem apreciar. Duas pessoas, que podiam ser a noiva e uma das madrinhas, se encarregavam, uma à cabeceira e a outra aos pés da cama, de mostrar e contar todas as peças que a compunham.
Mas ainda outra excentricidade, esta bastante insólita, a registar neste capítulo: na primeira noite os noivos dormiam no chão, em improvisada cama. Isto porque a primeira ainda se encontrava feita, como na véspera, com todos os lençóis, cobertores e colchas do enxoval da noiva. A propósito disto não fujo à tentação de narrar um pequeno episódio passado com um casal conhecido e amigo e que os próprios com muita graça contavam.
Na noite do casamento estavam dormindo sossegadamente (no chão, claro...) quando, de súbito, se desprende da parece um grande tacho metálico, o qual, caindo em cima da cabeça do noivo, lhe provocou um grande galo na testa. No dia seguinte, (era de esperar...) tiveram os noivos grande dificuldade em fazer-se acreditar sobre o que na realidade se havia passado, sendo por isso alvos, por parte de alguns convidados mais galhofeiros, de inofensivos mas espirituosos comentários.
O destino do enxoval da noiva
Ao contrário do que acontecia em qualquer outro ponto do país, as noivas de Nisa desfaziam-se de grande parte do enxoval após o casamento. Era adquirido, por futuras candidatas a noivas, as quais, por sua vez, chegada a sua altura, procediam de igual modo. Assim, muitas das peças vistas em determinado casamento, já haviam sido vistas em casamentos anteriores.
Não se julgue, porém, que a alienação de tais bens era feita de ânimo leve e portanto sem qualquer finalidade. O dinheiro apurado, somado com o das prendas, era de imediato investido na construção da sua casa, importância que, aliás, por vezes apenas dava para levantar as quatro paredes e pôr-lhes o telhado em cima. Mas era um bom princípio. O resto, com muitos sacrifícios, viria (e vinha mesmo) mais tarde.
Como seria diferente o problema da habitação em Portugal se todos os jovens portugueses tivessem igual espírito de sacrifício.
Mal os noivos adormecem,
São forçados a acordar
Por um grupo de amigos
Que à porta lhes vai cantar
* O espaço temporal deste artigo de Curado da Silva, refere-se à década de 20 do século passado.
O Descante
Entende-se, na terminologia popular de Nisa, que o descante é um canto de homenagem aos noivos, de louvor ao casamento e de felicitações para a vida futura.
É um costume muito antigo, em Nisa, diríamos, mesmo original e a ele faz referência o Dr. Motta e Moura, na sua Memória de Nisa. As quadras que seguem são da autoria de Maria da Graça Pinto e foram cantadas num casamento (descante) ocorrido nos anos 60, do século passado.
O Descante (num casamento dos anos 60) *
Adeus Maria Isabel
Parabéns te venho dar
Deus queira que teu marido
Sempre te saiba estimar

Isabel, hoje já és noiva
Já chegou hoje o teu dia
Deus queira que no teu lar
Sempre se encontre alegria

O teu vestido de noiva
Tão branquinho como a prata!
Já puseste a mão em cruz
Só por morte se desata.

Isabel, o teu marido
Dizem que é boa pessoa
Leva-te daqui p´ra fora
Vão viver para Lisboa.

Cá deixas os teus paizinhos
A estranhar a companhia
Vais nova vida tomar
Deus te dê sempre alegria

Tens sido boa menina
Com boa disposição;
António é teu marido
Já lhe deste a tua mão.

Tanta gente a acompanhar-te,
A comer, com apetite
Tudo alegre e satisfeito
Isto assim é que é bonito.

Adeus António da Cruz
Deus te dê felicidade;
Isabel é tua mulher,
Ama-te com lealdade.

António, repara bem
No que te estou a dizer
Faz um lindo casamento,
Estima a tua mulher.

António, estás no teu dia,
Um dia tão desejado
Segue sempre bom caminho,
Que já és um homem casado.

António, já hoje é tua
A mulher que mais amavas;
Vai correndo p´ra seis anos
Que já tu a namoravas.

Deus queira que o bem-querer
Aumente cada vez mais;
Um casamento bonito
É alegria dos pais.

Tens uma casa tão linda,
Com tanta coisa bonita
Deus te dê saúde e sorte
E muitos anos de vida.

Vim aqui incomodar-vos,
Desculpem esta maçada.
Se não quiserem dar vinho,
Dêem uma cigarrada.

Acabados o descante,
Vai-se o noivo levantar
Pra copinhos de licor
E bolos a todos dar.
* tá Mari Pinto (poeta popular, falecida)
Mário Mendes - À Flor da Pele - Alto Alentejo - 8/11/2011

Duas artesãs de Nisa concorrem ao Prémio Nacional de Artesanato 2009 - "Fios, Teias e Tecidos"

Dois trabalhos de artesãs nisenses, Antónia Carita Dinis Polido e Maria da Conceição Moura Marzia, disputam o Prémio Nacional de Artesanato 2009 que será atribuído durante a FIA - Feira Internacional de Artesanato que decorre de 27 de Junho 5 de Julho em Lisboa, na FIL – Parque das Nações e que este ano foi dedicado ao tema “Fios, Teias e Tecidos”.
As duas artesãs de Nisa integram o grupo de oito dos concorrentes que venceram a fase regional do Alentejo do “Prémio Nacional de Artesanato” tendo sido contempladas com um prémio pecuniário de 250 euros.
Instituído pelo do Ministério do Trabalho e da Solidariedade, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, o Prémio Nacional de Artesanato 2009 pretende distinguir os artesãos que prosseguem ou iniciam a actividade artesanal, privilegiando a sua capacidade criadora e inovadora, assumindo-se igualmente como um factor de valorização social e profissional de todos os artesãos.
O Prémio subdivide-se nas categorias de Artesanato Tradicional e Artesanato Moderno. Na categoria de artesanato tradicional são consideradas peças que apresentam cunho tradicional, nos aspectos estéticos e culturais e que não incorporem materiais ou processos que desvirtuem a qualidade do produto artesanal. Na categoria de artesanato moderno é admitida e encorajada a inovação do design dos produtos e dos materiais utilizados, desde que sejam respeitadas as exigências ambientais, não sendo admitidas peças que incorporem utilização de máquinas que desvirtuem a qualidade do produto artesanal.
A Câmara Municipal de Nisa divulgou junto dos artesãos do concelho os objectivos e regulamentos do Prémio e apoiou a apresentação de candidaturas junto da Delegação Regional do Alentejo do IEFP.
Na fase regional foram seleccionados trabalhos das artesãs Maria da Conceição Marzia que concorreu com uma colcha de arte aplicada pregada a ponto de grilhão e de Antónia Polido que apresentou a concurso um cobertor bordado a ponto de cadeia também designado como coberjão. Ambas viram os seus trabalhos serem seleccionadas para o concurso nacional e serem expostos na Feira Internacional de Artesanato, a decorrer na FIL até 5 de Julho. Nessa altura se saberá se o júri do concurso contemplou alguns dos trabalhos e a criatividade das artesãs nisenses.
O artesanato de Nisa é amplamente reconhecido pela sua beleza, genuinidade e características próprias. A sua qualidade tem sido consagrada nas sucessivas edições do Prémio Nacional de Artesanato. Peças do artesanato nisense foram regularmente seleccionadas para a fase nacional e em 2003 foi atribuído o 1º Prémio a uma obra do oleiro António Louro.
A decisão sobre os vencedores do Prémio Nacional de Artesanato será dada a conhecer no dia 4 de Julho, na FIA.
Notícia de 30/6/2009

quarta-feira, 13 de julho de 2016

PONTÁ BITÉFES: O nosso Cine Teatro

O Cine Teatro de Nisa completou, o ano passado, 75 anos de existência. Pouca gente deu pelo facto e disso não veio grande mal ao mundo. Mas a história do grande e vetusto edifício merece ser contada e conhecida de todos os nisenses, nem que seja para o apontar como exemplo - raro, na nossa terra - de bairrismo e de congregação de esforços para a prossecução de um objectivo comum. Este, em Nisa, chamou-se Teatro, Cinema e Cultura.
A história dos últimos dez anos do Cine Teatro, ou seja, após a sua remodelação, concluída em 1997, vem profusamente descrita na Agenda Cultural do Município, relativa ao mês de Outubro. Para “retratar” dez anos (10 anos a viver cultura), faz-se uma viagem até à centúria de oitocentos e aos primórdios das representações teatrais em Nisa.
Tão extensa descrição, esquece, no entanto, que as obras de recuperação da grande sala de espectáculos da vila, teve como protagonistas um elenco camarário (da mesma “cor”, por sinal, do vigente) que não tratou, apenas, de reerguer um edifício em acelerado estado de agonia, mas, antes, teve de desencadear um processo, não menos complexo e dificultoso, para a cedência, a título precário, do imóvel.
As obras demoraram, choveram as críticas, inclusive, sobre a oportunidade do investimento, e de “fazer filhos em mulheres alheias”, como chegou a apontar-se em sessões da Assembleia Municipal.
Nisa ganhou uma sala de espectáculos, considerada uma das melhores do Alentejo. José Manuel Basso e os elencos camarários a que presidiu, foram os responsáveis pela obra, mérito que também deve ser extensivo aos dirigentes da Santa Casa da Misericórdia de Nisa que se esforçaram por tornar o sonho realidade.
Uns e outros, compreenderam, como Brecht que “não construíram Tebas, a das sete portas” e não quiseram, por isso, e como é “moda” actual, o seu nome numa qualquer placa de granito, a assinalar o feito. A obra teve técnicos, projectistas, operários, foram eles que fizeram a grande transformação do Cine Teatro.
Assinalar “dez anos a viver Cultura”, é elevar, com redobrado júbilo, a excelência de uma casa e de um equipamento cultural de que nos devemos orgulhar, mas não pode constituir um pretexto para “apagar” do rumo da história aqueles que, de forma directa ou indirecta, contribuíram, de modo substancial, para dar nova vida ao sonho inicial de José Vieira da Fonseca e de Manuel Granchinho.
Assinalemos, com orgulho e alegria, os 75 anos da inauguração e os 10 anos de remodelação do nosso Cine Teatro, mas é bom que não sejamos “mais papistas do que o papa”...
Mário Mendes - in "Jornal de Nisa" - 17/10/2007

HISTÓRIA: Nisa no roteiro dos castelos de Portugal

Descrição
A antiga fortaleza de Nisa, cuja construção se ficou a dever à Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ditos Templários, teve um término de obras no ano de 1296. Hoje em dia, naturalmente, a modernidade açambarcou parte da grandiosidade de outrora, mas a aura misteriosa e de grande relevo histórico permaneceu, muito por obra da permanência dos frades da Ordem de Cristo que, deste local, extraíam imensos produtos, entre os quais se destacavam carne, vinho e cereais, por assim dizer ainda os três elementos mais famosos da região, no que ao comércio diz respeito. O que temos de visitável, no que ao castelo de Nisa diz respeito, é, basicamente, troços da antiga muralha fortificada, que jamais deixou os seus habitantes ficar em situação de aflição, sendo a barreira mais notória ante as investidas externas, assim como a magnífica Porta da Vila, que não nos cansámos de admirar, em arco de volta redonda e a Porta de Montalvão, perto de uma das torres na outra extremidade do monumento.
Outros motivos de interesse: Nisa é, por excelência, a terra do queijo homónimo, levando a que muitos visitantes aqui se desloquem com o intuito de adquirir essa bela iguaria, aproveitando, então, para degustar a carne alentejana, alimento de qualidade certificada, e provar os belos tintos da região. No campo arquitectónico, percorrer o interior das muralhas de Nisa é deparar com a história ao vivo, com realce para a Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, o Pelourinho local e a Igreja da Misericórdia.
Pedro Silva in www.ellibtrepensador.com - 26/2/2009
NOTA: O autor do texto, talvez por erro ou confusão, menciona a ermida da Senhora dos Prazeres no interior das muralhas, querendo referir-se, talvez, à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça.

OPINIÃO: O património da Devesa

 O arranjo da Zona da Deveza-de-Traz já foi a reunião de Câmara e aprovado. Fazer bem ou menos bem é necessário. Como a Praça da Republica este espaço encontra-se desde há muito abandonado e maltratado. O piso em terra batida era o adequado para as grandes feiras de gado com origens perdidas no tempo, provavelmente desde as origens de Nisa-a-Nova.
Com o crescimento de Nisa, e consequente aumento da malha urbana, muitas vezes ao "sabor da maré" pelas vias viárias aparece a Rua Dr. Sidónio Pais, Largo da Cabine Eléctrica e Estrada de Montalvão.
A Tapada da Câmara, onde se situavam as nascentes da Fonte Nova, era a zona de trocas e vendas das vacas. Por serem perigosas, estavam confinadas a esta tapada. Nos restantes espaços os animais menos perigosos.
Toda a actividade desta zona girava em torno da agricultura. Era ver dezenas de carroças e carrêtas de bois paradas ao cair da noite.
Durante o dia só ficavam as que estavam em reparação ou construção, era uma grande azáfama, não olhando relógios nem dias de semana, guiava-nos a barriga e o sol. Trabalhadores rurais ao serviço dos "senhores" donos da vila, por ex., Dr. Jaime, o Dr. Basso. Também gente livre como pássaros que viviam de alguns poucos hectares de terra. Criavam dois ou três porcos que matavam nos dias frios de Inverno, as aves de capoeira, os derivados como o leite e os ovos
juntamente com os produtos da agricultura eram a sua "dieta" alimentar. Vender na Praça ás quintas e domingos dava-lhes algum dinheirinho que em tempos difíceis era religiosamente amealhado não viesse alguma contrariedade.
Ainda pode hoje ver-se tanto na Deveza-de-Traz como na Deveza-da-Frente algumas casas com duas entradas, a porta de entrada e um portão em arco e alto por onde carrêtas e carroças entravam carregadas dos produtos agrícolas, principalmente fenos.
Para dar suporte á agricultura havia toda uma série de serviços que se desenvolviam nas Devezas. Uns trabalhavam a madeira na forma mais tosca, outros faziam as rodas, cubos e raios; os ferreiros; cada um era especialista na sua área. Havia também armazéns de lenhas, azeitona e outras, cada actividade localizada na época do ano.
Na da azeitona havia vários pontos de recolha directa ao produtor que posteriormente a vendiam ao “negociante”.
Era vê-los juntos e felizes quando iam colocar o ar de ferro na roda de madeira e se deslocavam á ribeira na "Laje Branca", dia que jorraria algum vinho. Era vê-los passar para a Taberna da Charrinha, do ti “Emil Àrell" ou Cantinho da Sorte, com um quarto de pão, farinheira ou toucinho entre as 10 e 11 horas da manhã, onde iam beber o "canudo d´ametade".
Quero deixar aqui palavras de apreço e de reconhecimento àqueles que fazem parte das minhas memórias, das nossas memórias.
Desculpem-me pelo uso de alcunhas, pois, alguns não os conheço de outra forma.
Aos Metildes, Bresungas, Sem-Tripas, Galuchos, Marzias, Raniscas, Belonas, Mouras, Malinos, Polidos, Papa Leites, Freiras, Tuítas, Caritas, Paraltas, Certainhos, Salgueiros, Chorões, Cebolas, Freiras e a tantos outros.
Honra á vossa memória.
José Maria Moura in "Jornal de Nisa" - 8/10/2008