Procissão de Penitência há 100 anos
Em 15 de Março de 1907, após três dias de preces ad pedentam
pluviam, foi conduzida processionalmente da sua ermida para a Igreja Matriz de
Nisa a veneranda imagem de N.ª Srª da Graça.
A cerimónia do encontro da Virgem com a imagem do Divino
Crucificado fez-e no local do costume e muito emocionou os milhares de fiéis
que a ela assistiram.
Além das Irmandades da Misericórdia, do Santíssimo
Sacramento e das Chagas, incorporaram-se na procissão os professores e alunos
das escolas oficiais e a filarmónica local.
Às varas do pálio pegaram os srs Dr. Francisco Beato Gomes,
Francisco Morais, José Sambado, Joaquim Maria da Piedade, Joaquim Porto Basso e
João da Silva Carvalho.
Era ao tempo Vigário da Matriz o Sr. Cónego João Maria Dinis
Sampaio que, naquele templo, rematou esta impressionante manifestação de fé com
eloquente prédica.
FILARMÓNICA NISENSE
Em 25 de Setembro de 1907, a filarmónica nisense percorreu as ruas
da vila tocando o Hino da Carta, para celebrar a vitória das nossas tropas
sobre os cuamatas.
In "Correio de Nisa" – nº8 – 9/9/1945
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Desacatos nas Procissões - Aviso do Administrador do Concelho (1906)
José Julio d´Oliveira, Administrador interino d´este
concelho de Niza. Devendo ter logar nas noites de 12 e 13 do corrente, as
procissões da Semana Santa, e sendo infelizmente habitual as manifestações de
falta de respeito e irreverencia n´estes actos, por parte d´alguns individuos
d´onde pode derivar (a continuarem taes abusos) a auctoridade ecclegiastica
acabar de vez com as ditas procissões, o que representaria um mal para todos os
crentes, respeitadores de taes solennidades; e considerando que quem não
respeita as leis ecclegiasticas não acata as leis humanas e sociaes, e quem não
acata estas não respeita o seu semelhante perdendo por isso mesmo o direito a
ser respeitado; considerando mais que sendo a indole moral do bom povo de Niza
apontada como modelo, não a havendo melhor o que se prova pela pequena e pouco
importante estatistica criminal, dando-se ainda o facto d´este povo ser
religioso sem ser fanático; considerando ainda que no fundo da consciencia
moral de cada individuo, por melhor ou peor que seja a sua estatura moral, há
um sentimento d´amor instinctivo pela terra que lhe deu o berço, d´onde resulta
a saptisfação individual e collectiva pelo bom nome e engrandecimento moral da
nossa terra, demais sendo ella não somente villa importante, mas sede de
concelho e comarca, faço publico e peço ao povo de Niza cujos cidadãos na sua
grande maioria com toda a justiça considerados honestos, cordatos e ordeiros,
me auxiliem e aos agentes da auctoridade a manter a ordem e decencia que os
actos relogiosos exigem, informando-me com testemunhas, do nome ou nomes dos
indivíduos que commetam qualquer desacato a fim de os enviar ao poder judicial,
onde receberão para exemplo devido e rigoroso correctivo. E para constar se
passou o prezente e identicos que serão lidos à missa conventual da freguezia
Matriz e Espírito Santo d´esta villa e em seguida affixados nos logares do
costume.
Administração do Concelho de Niza, 7 d´Abril de 1906.