Foi
há 40 anos. O Pelourinho de Nisa voltava ao lugar de onde tinha sido apeado no
séc. XIX. Culminava assim uma longa história e caminho percorrido, cheio de
discursos de intenções, até então não concretizados. Antes disso, o
"corpo" do monumento, fragmentado, andou pelas arrecadações da Câmara
e a coluna principal, erguida num dos extremos do jardim, foi servindo como
apoio aos cartazes de cinema e de outros espectáculos.
Em 1968, a Câmara presidida
por João Gouveia Tello Gonçalves, concretizava, finalmente, não só a reposição
do pelourinho no lugar a que tinha direito, como o arranjo da
"Praça".
As
laranjeiras e os bancos de pedra vieram depois. O espaço em redor do monumento
foi ajardinado e tudo parecia em ordem e harmonia. Até que... (foi você que
pediu um arquitecto-paisagista?) alguém, insensível, se lembrou de colocar duas
"sentinelas" a guardarem o pelourinho, não vá ele fugir. Dois
"arbustos", dizem, que, transformados em árvores - que ninguém,
ainda, teve o dever e a coragem de mandar cortar - escondem, roubam a dignidade
a uma peça escultórica e histórica que dá razão e sentido ao edifício que lhe
fica defronte.
É a
segunda "morte" do Pelourinho de Nisa. Fantasmas que, estou certo,
alguém de boa fé e inteligência há-de, brevemente, colocar no seu devido lugar.
Os
pelourinhos são, não o esqueçam, os símbolos do poder local, do municipalismo em Portugal. E contra
isso não há arbustos nem arquitectos-paisagistas que lhe valham...
Mário
Mendes - Nov. 2008