terça-feira, 8 de março de 2016

PELOURINHO DE NISA - História com final (quase) feliz (1)



Foi há 40 anos. O Pelourinho de Nisa voltava ao lugar de onde tinha sido apeado no séc. XIX. Culminava assim uma longa história e caminho percorrido, cheio de discursos de intenções, até então não concretizados. Antes disso, o "corpo" do monumento, fragmentado, andou pelas arrecadações da Câmara e a coluna principal, erguida num dos extremos do jardim, foi servindo como apoio aos cartazes de cinema e de outros espectáculos.
Em 1968, a Câmara presidida por João Gouveia Tello Gonçalves, concretizava, finalmente, não só a reposição do pelourinho no lugar a que tinha direito, como o arranjo da "Praça".
As laranjeiras e os bancos de pedra vieram depois. O espaço em redor do monumento foi ajardinado e tudo parecia em ordem e harmonia. Até que... (foi você que pediu um arquitecto-paisagista?) alguém, insensível, se lembrou de colocar duas "sentinelas" a guardarem o pelourinho, não vá ele fugir. Dois "arbustos", dizem, que, transformados em árvores - que ninguém, ainda, teve o dever e a coragem de mandar cortar - escondem, roubam a dignidade a uma peça escultórica e histórica que dá razão e sentido ao edifício que lhe fica defronte.
É a segunda "morte" do Pelourinho de Nisa. Fantasmas que, estou certo, alguém de boa fé e inteligência há-de, brevemente, colocar no seu devido lugar.
Os pelourinhos são, não o esqueçam, os símbolos do poder local, do municipalismo em Portugal. E contra isso não há arbustos nem arquitectos-paisagistas que lhe valham...

Mário Mendes - Nov. 2008