segunda-feira, 27 de junho de 2016

NISA: A Voz dos nossos poetas

QUERIA VER A TUA LETRA
Queria ver a tua letra
Queria ver a tua letra
Queria ver a tua letra
Queria ver a tua letra

Em suave perfume de flor
Comparei-te com uma rosa
E tu sempre desdenhosa
Por eu te falar em amor
Não me achaste merecedor
D´uma condição secreta
Não me vale ser poeta
Para vencer bem e depressa
Podes crer que ia à festa
Se tivesse visto a tua letra

Eu queria ser como o passarinho
Voar sem nunca descansar
Em teu peito ia pousar
E cantando devagarinho
Para salvar o meu destino
Aquilo que a todos nos sujeita
Ver na tua mão direita
Qual o destino marcado
Mesmo que fosse de má vontade
Queria ver a tua letra

Mostrei-te o meu coração
Quis contar-te o meu segredo
Mas depois eu tive medo
Quando senti a comoção
Mesmo com a tua mão
Não quiseste pegar na caneta
Fizeste-me ficar alerta
Quando vi que não davas por isso
Mas se tivesses mais meiguice
Mostravas-me a tua letra

Desde que eu te conheci
Que de ti fiquei gostando
Andei sempre evitando
De me dirigir a ti
Até que mais não me susti(ve)
Sem ter uma ideia certa
Quando da luz do planeta
Recebi um afecto assim
Desculpa se te ofendi
Em querer ver a tua letra
JMV

VIAGEM
A nobre Vila de Nisa,
com seu castelo e brasão.
Terra de mercados e feiras,
com grande tradição.

Gáfete, Tolosa e Arez,
diz o povo e com razão.
São terras de boa gente,
mas juntas, olha que três.

São Matias e Alpalhão
e as termas da Fadagosa,
Amieira e seu castelo,
são coisas muito famosas.

Mais ao Norte o Pé da Serra,
Salavessa e Montalvão.
Tratam todos com carinho,
mesmo os que de lá não são.

É terra de pescadores,
a bela e linda Santana.
O sangue corre-lhes nas veias,
é gente com raça e gana.

Somos do Concelho de Nisa,
Distrito de Portalegre.
Somos Alentejanos,
gente boa e gente alegre.
Diamantino Inácio


Os Trabalhos de António Elias
Vou arranjar um caminho
De Nossa Senhora da Graça
Anda tão desprezadinho
Qu´arrepia quem lá passa.

Eu também sou culpado
Deste caminho assim estar
Não votei neste presidente
E ele não o manda arranjar.

Venham ver este caminho
E os buracos que ele tem
Arranjaram um ao lado
Onde não passa ninguém.

Se isto está tudo trocado
Já nós todos o sabemos
Dizem que é o presidente que manda
Mas ele é o que manda menos.

Nas próximas eleições
Também me vou candidatar
Faço o mesmo que eles fazem
Se um dia lá me apanhar.

Também vou votar em mim
Mesmo que vote sozinho
Se me apanho no poleiro
Só arranjo o meu caminho

Quando em tempo de campanha
Correm as ruas, à pressa
A abraçar novos e velhos
E a fazer muita promessa.

Largam discursos, dão sermões
Como toda a gente sabe
Mas depois das eleições
Nem bom dia, nem boa tarde!
António Elias Estróia
In "Jornal de Nisa" nº 222 – 10/1/07