sábado, 25 de junho de 2016

AS ALCUNHAS DE NISA (3)

Comendo um Bolo Grande,
E dentro d´uma Jangada,
Vai, entre outros, o Zé Lindo,
Preparando limonada.

Lembram-se ainda do Baforão,
Do Canilhas e da Balhôa,
Do Rapu e da Cotôa,
Do Mosquito e Tumbarão?

Houve também um Mata-Lobos,
Tomba-Lobos também há um;
Toda a gente tem alcunha,
Também eu terei algum!

Não vos peço perdão por isto,
Pois é tudo brincadeira;
Valha-me a Mª Primeira,
Valha-me N. S. J. Christo.

Coelhos, há Gallinhas,
Beatos e Ciganos;
Botas, há Bolinhas,
Paneiros a vender panos.

Esteve cá o Menino Santo,
Veiu visitar o Rollinho;
Encontrou, em grande pranto,
O Sapatêta, no caminho.

Fez visitas, botou discurso,
Foi às Fontes, provou o vinho;
Mas fez figura d´urso
Ao ouvir o Pelladinho!

Ainda um dia hei-de saber,
Hei-de sabê-lo um dia;
Onde mora o Amintolia
Fazem favor de m´o dizer?

Muita água tem chovido,
Já a Barroca-Velha transborda;
Vae lá pescar o Polido,
Come o peixe o Talaborda.

Pão-com-Ovo, faz bom peito,
Com rodelas de bom chouriço;
Não há Mula sem defeito,
Nem cachopa sem derriço!

É adágio dos antigos,
Quem não deve, não teme nada;
Sahem falsos, certos amigos,
Dá vontade de lhes dar lambada.

Apanhei na ribeira uma rã,
Trazia um Kágado na boca;
Fiz presente da rã à Toca,
Dei o Kágado ao Zé Lã.

Numa gaiola cantando estava,
Um Pintassilgo Balseiro;
Veiu, de repente, um Ratinho,
Meteu-o logo no pandeiro.

Foi à Carqueija o Pernica,
Com um Carneiro da Semente;
Não foi com elles, por estar doente,
O Sebastião ou Dominica.

Vendem-se por ahi Passinhas,
Umas d´uva, outras de Ameixa;
Vende-se, em Junho, bom Abrunho,
Tudo caro e ninguém se queixa.

Prende-se o relógio à Corrente,
Chama-se ao Macaco-Bugío;
Julga-se, forte, certa gente,
Sendo a vida um simples fio.