terça-feira, 3 de maio de 2016

NISA COMERCIAL: O comércio local há 100 anos


A página de anúncios do jornal "As Férias" publicada no 1º número deste "semanário anunciativo, literário e recreativo" mostra-nos um pouco do universo comercial da vila de Nisa e dá-nos informações curiosas sobre a própria toponímia da sede do concelho.
O primeiro anúncio (ao alto à esquerda) é de António Pena, na altura (Agosto de 1916) o regente da Banda de Nisa e que, naturalmente, oferece os seus serviços como professor que "lecciona musica-rudimentar, violino ou qualquer outro instrumento de corda".
Professor particular era também o Padre Joaquim da Cruz Paralta que continuava a "leccionar o 1º e 2º ano dos liceus e algumas disciplinas singulares".
No comércio propriamente dito, destacavam-se duas firmas, bem próximas uma da outra, na Praça da República: a casa comercial de José da Cruz Nunes (o "Africano") e o Barateiro do Povo de Joaquim da Rosa Belo. A primeira ainda hoje existente, após passar por vários comerciantes, o último dos quais João Maria Carita (Canhoto) que a encerrou devido à idade avançada. A segunda, no local onde está actualmente o restaurante "As 3 Marias", provando que o edifício sempre teve forte "vocação" comercial.
Joaquim da Rosa Belo, recorde-se, foi o promotor e patrocinador da primeira colecção de postais de Nisa, nos finais dos anos vinte, tendo um dos postais (o que reproduzimos nesta página) a imagem do exterior da sua casa comercial e onde se comprova pelo grande movimento que "havia de tudo".
Outra nota curiosa diz respeito à toponímia e na qual "convivem" em harmonia, antigas e novas designações. Um exemplo é o Rossio (ainda hoje assim designado por muitos nisenses) ao lado da Praça da República.
Aparecem também o Largo do Espírito Santo (Boqueirão), mais tarde designado como Heliodoro Salgado, a Rua do Teatro (actual Marechal Gomes da Costa) e a Rua Onze de Agosto, sobre a qual não dispomos de qualquer informação.
A página é ainda mostruário de diversas e curiosas informações, tanto a nível comercial, como respeitante a pessoas e à sociedade de há cem anos.