A estrada Crato-Vila
Velha de Ródão numa interpelação parlamentar
A melhoria das vias de
comunicação, estiveram sempre na primeira linha das preocupações, como
principal motor do desenvolvimento regional. Em 8 de Fevereiro de 1867 e
segundo o Diário das Sessões da Câmara dos Deputados, o representante do círculo
eleitoral de Nisa, António Diniz Vieira, interpelou o Ministro das Obras
Públicas sobre os atrasos da construção da estrada Crato -Vila Velha de Ródão.O
texto aqui fica, respeitando a ortografia da época.
"O sr. Diniz
Vieira: — Mando para a mesa uma nota de interpellação, que, dirijo ao sr. ministro
das obras publicas, nos termos seguintes (leu). Como v. ex.a vê, esta
interpellação diz respeito a um assumpto, de que já na sessão passada aqui
tratei. A estrada de que pretendo falar na interpellação é conhecidamente da
maior necessidade, não só pela junta geral do districto, pelos relatórios dos
respectivos governadores civis, como pelo sr. ministro das obras publicas,
quando, na sua portaria de agosto ultimo, declarou que na província do Alemtejo
era de summa urgência; porque era a única que communicava às duas províncias,
Beira Baixa e Alemtejo.
Apesar de tão
reconhecida ser a necessidade d'ella, o facto é que, tendo o reconhecimento
sido feito em 1864, e ultimado, desde então até agora pode-se dizer que nada se
tem feito alem do estudo; e digo quasi, porque no anno passado pude conseguir
do sr. conde de Castro a approvação no conselho das obras publicas do primeiro
lanço da mesma estrada, na extensão pouco mais de uma légua, pois tanta é a
distancia da estação do Crato a Villa Velha do Ródão. Sendo pois a extensão total
da estrada de 44 kilometros, o que ha feito é apenas uma oitava parte, onde se
trabalha; no restante continuam os estudos, mas estudos que vem, que se
devolvem, que tornam a vir e tornam a devolver-se. E tão malfadada aquella
estrada que não pode passar de estudos.Portanto peço que das palavras e dos estudos se passe a obras; e é sobre
isto que eu desejava chamar a attenção do sr. ministro das obras publicas.
N'esta
estrada ha uma grande porção que effectivamente pôde passar sem obras, mas ha
uma outra, qual é a que vae do alto da ribeira de Niza á ponte do Tejo, onde
não é possível transitar nem a cavallo nem a pé. Sinto
muito que o sr. ministro não esteja presente, mas peço a v. ex.a que o previna,
a fim de se dar por habilitado para poder verificar a minha interpellação.
Diário das Sessões da Câmara dos Deputados - 8/2/1867 – Pág, 364