quarta-feira, 3 de agosto de 2016

NISA: A Festa de Santo Isidro em 1959

Em memória de Ilídio Nogueira Leitão
O Santo Isidro era o padroeiro dos lavradores e em Nisa era prestada uma grande festa anual, em Maio, na Senhora da Graça.
Para o cabecinho, em coloridas e enfeitadas carroças de flores, erva, urze, giestas, seguiam os romeiros e devotos agradecendo as preces pela boas searas, a harmonia do tempo, a perspectiva do celeiro cheio e sem prejuízos.
Há 50 anos, a 24 de Maio de de 1959, foi realizado um Concurso de Quadras, assinalando a Festa de Santo Isidro e tendo como temas a Lavoura, as Actividades Agrícolas, as Alfaias e os Instrumentos de Trabalho. Subtemas que não se esgotavam e que iriam até à imaginação de cada um dos romeiros.
As quadras que aqui deixamos como registo foram da autoria de Ilídio Nogueira Leitão e obtiveram o 1º prémio na categoria A.
Ilídio Nogueira Leitão, nasceu em Nisa, em 1924 e viria a falecer em Paris, no popular Bairro de Saint Dennis, nos anos 90 do século passado.
A poesia popular que nesta espaço lhe dedicamos são também uma forma de recordar, enaltecer, o homem, o amigo e o nizorro, alegre e bem disposto que nunca deixou de ser, mesmo no auge da vida.
I
É dia de procissão,
Santo Isidro o protector.
É dia de grande festa,
A festa do Lavrador.
II
É terra de lavradores,
Criada por D. Dinis.
É decerto a mais fecunda
Porque Deus assim o quis.
III
Santo Isidro meu protector,
Meu santinho padroeiro.
Ajuda a minha seara,
De que sou o seu obreiro.
IV
Nossa Senhora da Graça,
Santo Isidro vai visitar.
Há festa no cabecinho,
Muitas graças lhe vou dar.
V
Já rompeu a madrugada,
Minha terra vou lavrar.
P´ra nascer a loira espiga,
Que no v´rão hei-de ceifar.
VI
Há canções de alegria,
Há a labuta no prado.
É a ceifeira quem canta,
A orquestra, é o arado.
VII
Há no prado verdejante,
Uma poesia d´amor.
O trabalho, a honra, a vida,
A Louvar Nosso Senhor.
VIII
Saúda, respeita e ama
O bondoso lavrador.
É o pão da tua boca
A lenha do teu calor.
IX
Minha mãe é lavradeira,
O meu pai é lavrador.
A minha mãe é ceifeira
E eu sou o lenhador.
X
A ceifar ganhei a vida,
A lavrar me vi crescer.
Enamorei-me da terra
E nela me vi morrer.