Em memória de Ilídio
Nogueira Leitão
O Santo Isidro era o
padroeiro dos lavradores e em Nisa era prestada uma grande festa anual, em
Maio, na Senhora da Graça.
Para o cabecinho, em
coloridas e enfeitadas carroças de flores, erva, urze, giestas, seguiam os
romeiros e devotos agradecendo as preces pela boas searas, a harmonia do tempo,
a perspectiva do celeiro cheio e sem prejuízos.
Há 50 anos, a 24 de
Maio de de 1959, foi realizado um Concurso de Quadras, assinalando a Festa de
Santo Isidro e tendo como temas a Lavoura, as Actividades Agrícolas, as Alfaias
e os Instrumentos de Trabalho. Subtemas que não se esgotavam e que iriam até à
imaginação de cada um dos romeiros.
As quadras que aqui
deixamos como registo foram da autoria de Ilídio Nogueira Leitão e obtiveram o
1º prémio na categoria A.
Ilídio Nogueira
Leitão, nasceu em Nisa, em 1924 e viria a falecer em Paris, no popular Bairro
de Saint Dennis, nos anos 90 do século passado.
A poesia popular que
nesta espaço lhe dedicamos são também uma forma de recordar, enaltecer, o
homem, o amigo e o nizorro, alegre e bem disposto que nunca deixou de ser,
mesmo no auge da vida.
I
É dia de procissão,
Santo Isidro o
protector.
É dia de grande
festa,
A festa do Lavrador.
II
É terra de
lavradores,
Criada por D. Dinis.
É decerto a mais
fecunda
Porque Deus assim o
quis.
III
Santo Isidro meu
protector,
Meu santinho
padroeiro.
Ajuda a minha seara,
De que sou o seu
obreiro.
IV
Nossa Senhora da
Graça,
Santo Isidro vai
visitar.
Há festa no
cabecinho,
Muitas graças lhe
vou dar.
V
Já rompeu a
madrugada,
Minha terra vou
lavrar.
P´ra nascer a loira
espiga,
Que no v´rão hei-de
ceifar.
VI
Há canções de
alegria,
Há a labuta no
prado.
É a ceifeira quem
canta,
A orquestra, é o
arado.
VII
Há no prado
verdejante,
Uma poesia d´amor.
O trabalho, a honra,
a vida,
A Louvar Nosso
Senhor.
VIII
Saúda, respeita e
ama
O bondoso lavrador.
É o pão da tua boca
A lenha do teu
calor.
IX
Minha mãe é
lavradeira,
O meu pai é
lavrador.
A minha mãe é
ceifeira
E eu sou o lenhador.
X
A ceifar ganhei a
vida,
A lavrar me vi
crescer.
Enamorei-me da terra
E nela me vi morrer.