O doutor Francisco da Graça Miguéns, médico
notável e bondoso, nasceu em Nisa, a 2 de Abril de 1854, filho de Brás Miguéns
Beato e de Maria da Cruz. Exerceu durante 34 anos com grande amor, sentido
profissional e exemplar dedicação à sua terra e às populações do concelho, o
cargo de médico municipal.
Frequentou o Liceu de Santarém
onde se revelou como um aluno brilhante. Formou-se em Medicina e Filosofia na
Universidade de Coimbra, tendo conquistado diversos prémios e distinções. Após
a obtenção do seu diploma universitário, foi convidado pelo Corpo Docente da
Universidade para prosseguir como professor de Medicina naquele prestigiado
estabelecimento de ensino, convite que declinou, tendo preferido voltar à sua
terra, sendo nomeado médico municipal a 11 de Agosto de 1880, tomando posse do
cargo nesse mesmo dia.
Desde Agosto de 1880 e durante 34
anos, o doutor Francisco da Graça Miguéns, trabalhou com desvelo, bondade e
abnegação, mostrando sempre a mesma disponibilidade para tratar dos seus
conterrâneos e acudindo a todas as situações para que fosse solicitado, tanto
de dia como de noite.
Tendo em conta os serviços
relevantes prestados ao concelho, a Câmara Municipal decidiu, em 24 de Julho de
1919, atribuir o nome do ilustre médico e benemérito à antiga Rua Direita e
colocar o seu retrato no salão nobre dos Paços do Concelho, de onde foi retirado
por expressa solicitação do próprio clínico.
Vítima de doença, faleceu a 10 de
Outubro de 1933.
Nisa- Rua Dr. Francisco Miguéns
(antiga Rua Direita)
Foi homenageado a 29 de Maio de
1945 com a inauguração de um busto, belo e simples, no Jardim Municipal de
Nisa, que fica a recordar às gerações de nisenses, a figura humilde e bondosa
do Dr. Francisco Miguéns.
Dr. Francisco da Graça Miguéns
Viveu a sua vida sossegada,
Entregue ao bem e ao culto da
ciência,
E quando a morte veio - a
consciência
Tinha a pureza e a luz duma
alvorada.
De tudo o que há de belo na
existência,
Do Ideal atinge a região
imaculada.
E sempre em torno dele,
suavemente,
Um murmúrio de prece esvoaçou:
- Era o coro de bênçãos, puro e
ardente,
De tantas criancinhas que afagou,
De tanto pobrezinho e tanto doente
Que o seu coração de oiro
consolou.
Dias Loução (12/10/1933)