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terça-feira, 9 de agosto de 2022

José Manuel Barreto: um desportista de eleição

Na sua carreira de vinte anos a jogar futebol, só por uma vez viu ser-lhe mostrada a “cartolina” vermelha, num jogo, em Portalegre, com o Desportivo, sendo expulso do campo. Este é o único episódio da sua vida desportiva que recorda com alguma sensação de incomodidade. De resto, o passado futebolístico de José Manuel Barreto, é um registo de memórias que se confundem com a própria história dos tempos áureos do Sport Nisa e Benfica. Deixemos que seja o próprio a contá-la.
Como tudo começou
Nasci em Nisa em 1958 e cresci como tantos outros miúdos. Naquele tempo não havia “escolinhas” como há hoje e as ruas eram os nossos campos de jogos. Lembro-me de jogar à bola no pátio do Nisa e Benfica (quintal), atrás do Celeiro, na Devesa, onde calhava. Disputávamos jogos bem renhidos com a malta da Fonte da Pipa e da Vila, alguns bem durinhos e que, por vezes, havia sempre umas pedradas.
E as “arrelias” não acabavam aqui, pois quando chegávamos a casa ainda ouvíamos ralhar os nossos pais: “ Ah! Malandro, que dás cabo dos sapatos!”
Quando tinha 15 anos, uma direcção do Nisa e Benfica apercebeu-se que havia muitos jovens com qualidade e resolveu inscrever uma equipa no “Distrital”.
Foi assim que comecei a jogar em provas oficiais e nos juvenis.
Ainda me lembro bem do primeiro jogo. Éramos uns “putos”, pouco desenvolvidos e no balneário olhávamos para os do Campomaiorense, nessa altura um clube já com nome e dissemos uns para os outros: “vamos levar três ou quatro, eles são só matulões!”.
Em campo, o que se passou foi o contrário e ganhámos por 7 – 0, com 4 golos do João Temudo e 3 que eu marquei. Como é que foi isso? O nosso jogo era um pouco “à inglesa”, pontapé para a frente, eu e o João corríamos muito e era praticamente uma questão de sprint e marcar.
Conseguimos o 2º lugar no campeonato, um êxito logo na estreia e fomos disputar a Taça Nacional de Juvenis. Depois, a equipa “desfez-se”, alguns colegas foram jogar para outros clubes da região, principalmente o Alter que apostava nos juniores.”
Um jovem entre os adultos
Eu não quis sair, fui ficando por aqui e com 17 anos estava a integrar a equipa de seniores que acabara de conquistar o título distrital e subira à 3ª divisão nacional (1975).
A primeira vez que joguei foi para a Taça de Portugal, em Portalegre, com o Sport Lisboa e Cartaxo. O prof. Moura saiu, faltavam aí uns 10 minutos para o jogo acabar, quando eu entrei e logo a seguir há um remate à baliza do Cartaxo, o guarda-redes defende, a bola foi ao poste e eu vinha em corrida, a acompanhar a jogada e marquei.
Ganhámos por 1-0 e foi uma loucura, pois tinha ido muita gente de Nisa.
Na eliminatória seguinte fomos jogar a Barcelos com o Gil Vicente, da 1ª Divisão. Eu também fui, como prémio por ter marcado o golo, mas não cheguei a equipar-me. Perdemos, como era natural, dada a diferença das equipas.
No ano seguinte, descemos ao distrital, mas houve alguns jogadores que regressaram como o Parreira, Vitorino, etc. e voltámos a subir à 3ª divisão e a passar à 2ª eliminatória da Taça, desta vez com uma deslocação ao Algarve. Fomos jogar com o Portimonense que tinha jogadores como o Damas, o Norton de Matos, Freitas, todos eles jogadores internacionais, para além de outros. Fomos eliminados e a nível de Taça de Portugal, que disputámos várias vezes, o Nisa e Benfica nunca teve sorte de jogar com um clube da 1ª divisão, já nem falo dos grandes, em “casa”.
Estivemos três épocas consecutivas na 3ª divisão, tínhamos uma equipa muito boa e constituída à base de jogadores de Nisa.”
Tudo isto embora não houvesse condições e infra-estruturas. Lembro que no primeiro ano da terceira divisão não havia luz no campo e para treinarmos à noite, quando todos tinham disponibilidade, era coma luz dos faróis dos carros dos dirigentes. Não havia água canalizada, tinha que ser fornecida em bidões, faltava um mínimo de condições, mas havia uma vontade de ferro, amor à camisola e não ganhávamos nada.
Também é verdade que não havia discotecas, bares, internetes, outros desportos e isso facilitava a que a malta se juntasse para jogar futebol.”
Mudanças no futebol distrital
As coisas mudaram com o reforço das equipas e o pagamento a jogadores, a nível distrital. Começou a ser mais difícil constituir equipas e subir de divisão.
Eu mantive-me em Nisa porque tive também a companhia do meu irmão (Toninho Barreto). Ele era defesa e eu avançado. Todo este percurso de dez anos (dos 16 aos 26) foi acompanhado por ele.
Depois de 10 anos consecutivos em Nisa, joguei uma época no Eléctrico (Ponte de Sor), mas era um pouco duro, já que trabalhava no Gavião e treinávamos quase todos os dias, pois o Eléctrico estava na 3ª divisão e tinha já alguns profissionais, o que elevava o grau de exigência. Em Ponte de Sor tive a sorte de defrontar um dos “grandes” do futebol português. Recebemos o Sporting para a Taça de Portugal, com o campo cheio e um espectáculo memorável. Perdemos por 1-2 e eu entrei na 2ª parte.
Depois do Eléctrico passei a representar os Gavionenses (trabalhava no Gavião) durante quatro épocas, uma na 3ª divisão e três no distrital. Tinha 31 anos, queria vir para Nisa e acabar aqui a carreira desportiva, mas os dirigentes do Castelo de Vide há muito que andavam atrás de mim e acabei por representar a AD de Castelo de Vide, uma época na 3ª divisão. Foi a altura, devo dizê-lo, em que ganhei algum dinheiro de jeito no futebol.
Aos 32 anos regressei ao Nisa e Benfica que representei durante mais três épocas, no distrital, acumulando numa das épocas a função de treinador juntamente com o António Veludo. Aos 36 anos, achei que estava na altura de dar o lugar a outros e pôr ponto final numa carreira desportiva de vinte anos, a nível competitivo.”
Recordações do jogo da bola
Em tantos anos a jogar futebol há muitos momentos de que guardamos recordações. A do jogo com o Cartaxo para a Taça, talvez por ser o da estreia, ou os jogos emocionantes que tivemos em Nisa com o Bombarralense (vitória por 4-3 tendo marcado dois golos), o Rio Maior, que era o guia isolado e perdeu em Nisa pela primeira vez (3-2) ou ainda um célebre jogo com o Benfica de Castelo Branco que precisava de vencer para subir à 2ª divisão. O Campo do Sobreiro teve uma enchente nunca vista e o jogo foi empolgante. Eles tinham uma grande equipa, com jogadores muito experientes como eram o Camolas, o Malta da Silva e outros emprestados pelo SL e Benfica. Mas nós também tínhamos uma equipa muito aguerrida e unida, e “estragámos-lhes” a festa, não deixando que levassem a vitória (1-1).
O futebol e a formação do indivíduo
O desporto, o futebol, deu-me muita coisa, principalmente muitas amizades. Na minha vida profissional, retenho muitos dos princípios básicos do futebol, o espírito de equipa, o trabalho de grupo.
Dos primeiros anos de jogador ficou uma amizade muito forte e que ainda hoje se mantém com os elementos da equipa de veteranos.
Em muitas terras e locais aonde vou, aparecem pessoas que me falam, cumprimentam e eu não sei quem são. Mas eles lembram-se de mim, talvez por me terem visto jogar.”
Marcas” que o desporto deixa
Uma carreira desportiva de 20 anos tinha que deixar algumas marcas. Tive como todos algumas lesões e as mais graves obrigaram mesmo a intervenções cirúrgicas. Fiz duas operações, devido a uma fractura do braço e a uma fractura no joelho.
As pessoas que me viram jogar, podem falar melhor do que eu, mas acho que fui sempre um jogador disciplinado e só uma vez é que fui expulso.
Num jogo com o Desportivo, levei uma cotovelada no maxilar, que me doeu bastante e reagi instantaneamente ao pontapear o jogador que me tinha agredido. Fui expulso, senti-me revoltado, por ter sido agredido e por ter respondido daquela maneira, mas acho que não é nenhum exemplo de que me possa orgulhar.”
Conselhos para as novas gerações
Que conselhos daria aos mais jovens? Aqueles que tenho dado ao meu filho, incutindo-lhe o prazer de jogar futebol, os valores do espírito de grupo, da camaradagem e de uma vida saudável, sem esquecer o dever da disciplina e o respeito pelos outros, sejam companheiros ou adversários. Para aqueles que sonham em ter uma carreira futebolística, aconselho-os a terem humildade, a trabalhar e que encarem o futebol como uma possível profissão, mas sem nunca desprezarem o aspecto do convívio e da amizade. O futebol é um desporto muito importante, mas não devemos fazer dele um objectivo de “vida e ou de morte”. Pratiquem desporto, joguem com prazer, futebol ou outras modalidades, hoje, felizmente, há muitas mais ofertas do que aquelas que eu tive enquanto jovem.”
O desporto em Nisa, ontem e hoje
Acho que mudou muita coisa e nem sempre para melhor. Nos anos 70, todas as casas comerciais, consoante as suas possibilidades, ajudavam o clube. Não havia condições nem infra-estruturas, como referi, mas havia uma grande vontade, malta muito unida, uma mística no Nisa e Benfica que fazia com que fossemos respeitados em todo o distrito. Jogava-se por amor à camisola, pelo prazer de jogar e hoje há a expectativa de tirar algum rendimento. O campeonato distrital é reflexo desse mesmo paradoxo: há clubes que têm dinheiro e clubes que fazem das tripas coração para conseguirem chegar ao fim. Há um grande desequilíbrio e assim o futebol não progride.
Sinto que o projecto do futebol juvenil terminou de forma abrupta, sem se acautelarem algumas situações, como a dos jovens que estavam nesses escalões e a quem foram cortadas alguma expectativas.
A nível de infra-estruturas, Nisa continua sem um campo com piso sintético, capaz de cativar os mais jovens. Terras mais pequenas e sem o historial desportivo de Nisa têm esse problema resolvido.”
Se pudesse voltar atrás...
Todos nós temos um tempo para viver. Eu vivi o meu, enquanto desportista. Não me arrependo em nada por aquilo que fiz pelo Nisa e Benfica e pelo contributo que dei ao futebol e ao desporto. Poderia ter havido outro reconhecimento, mas sinto-me feliz e orgulhoso por tudo o que dei ao futebol e a Nisa e também por aquilo que o futebol me deu.”
Pelo amor à camisola
José Manuel Tremoço Barreto, bancário, 50 anos, casado, dois filhos, vinte anos de jogador de futebol. O resto da sua história de vida, fiel aos princípios por que se bateu ao longo de uma carreira desportiva, que atingiu grande brilhantismo, pouco mais teria que contar. Nasceu em Nisa e para o clube da sua terra contribuiu, não apenas com os golos que marcou, muitos golos, com os pés ou a cabeça, mas como um exemplo, notável, de humildade, disciplina, dedicação ao futebol.
Predicados que fizeram dele e o dos clubes que representou (o Nisa e Benfica em primeiríssimo plano) referências no desporto regional e nacional, numa época em que ser desportista significava, em primeiro lugar, ter amor à camisola, prazer de jogar e competir, arrojo e desafio perante as adversidades.
José Manuel Barreto e tantos outros, são os lídimos representantes dessa escola de desportistas que projectou e fez respeitar o nome de Nisa.
Se mais não fosse, só por isso mereceria, incontestavelmente, o reconhecimento que, aqui e agora, lhe prestamos.
* Mário Mendes in "Jornal de Nisa" nº 255 - 14 Maio de 2008

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

NISA - “Galinhas” e “Cigarrinhas” num salutar Encontro de Famílias - Maio 2017


Não, não se trata de uma fábula. Aconteceu mesmo, no passado sábado em Nisa, ou não fosse esta terra famosa, entre outras coisas, pelas suas originais alcunhas.
As famílias Galinha (descendentes de António de Oliveira Bizarro e Maria do Rosário da Cruz Carrasco) e Cigarrinha (descendentes de Joaquim da Graça Maurício – o popular Ti Coimbra – e Maria da Graça Dinis André) realizaram aquele que fica assinalado como o 1º Encontro-Convívio entre “Galinhas” e “Cigarrinhas”, alcunhas, bem populares, como todos os membros das duas famílias são conhecidos em Nisa e em todo lado. Trata-se de duas das mais numerosas famílias nisenses e não admira que o Encontro-Convívio tenha juntado cerca de oitenta pessoas, mesmo contando com algumas ausências.




Após a missa solene, na Igreja do Espírito Santo, em evocação dos entes queridos, o cortejo familiar rumou até à antiga escola do Convento, onde teve lugar a jornada gastronómica, sendo prestado um minuto de silêncio em memória dos familiares falecidos. Depois, foi a festa. Imaginem só: galinhas e cigarrinhas, “à solta” numa sala ampla, tinha que meter música, descantes e um convívio até às tantas, que deixou já a promessa de um próximo encontro.
Mário Mendes - "Alto Alentejo" - 31/5/2017




sexta-feira, 27 de julho de 2018

NISA: No 75º Aniversário do Sport Nisa e Benfica

UM CLUBE EM FESTA
O Sport Nisa e Benfica está a comemorar 75 anos de existência. O programa das comemorações teve início no dia 26 de Setembro com a realização de um passeio a cavalo e prosseguiu neste fim-de-semana (1 e 2 de Outubro) com um conjunto de iniciativas destinadas a evocar a vida da mais popular colectividade desportiva do concelho de Nisa. As rivalidades com o Sporting
A história do Sport Nisa e Benfica remonta ao longínquo ano de 1935, quando um grupo de jovens, no auge das rivalidades locais com a filial nisense do Sporting, tomou a iniciativa de “romper” com as estruturas existentes e de criar uma nova colectividade.
A fundação do clube, com o nome inicial de Sport Lisboa e Nisa, data de 1 de Outubro de 1935, dando corpo ao sonho dos nisenses Isaac Araújo Baptista, José da Piedade Pires, Esteves da Anunciada Cebola e António Maria Carolo.
Em 13 de Janeiro de 1936, é eleita a primeira direcção, dela fazendo parte: o médico António Granja, José da Piedade Pires, Vicente Fernandes Nogueira, Eduardo Dinis Filipe, Esteves da Anunciada Cebola, José da Graça Sena, José Carita Serralha, João da Cruz Charrinho, Virgílio Pinheiro, João da Cruz Charrinho e António Semedo da Piedade.
A primeira sede instalou-se numa casa alugada na Rua da Fonte; anos mais tarde e também por arrendamento, transferiu-se para instalações muito mais amplas, na Estrada de Alpalhão (rua 25 de Abril), onde tinham lugar, em datas certas, grandes bailes populares, iniciativas destinadas a obter de receitas para o clube e principal razão de angariação de sócios.
Em 1946 e por força da determinação do Sport Lisboa e Benfica, o clube passou a designar-se com o nome que tem hoje, Sport Nisa e Benfica, tornando-se na 39ª filial do clube lisboeta.
Os jogos da bola e os bailes no “Galocha”
No início eram os jogos de futebol com o rival Sporting, sem qualquer espírito de competição oficial. Os bailes populares, já referidos, constituíam as mais importantes manifestações colectivas num tempo em que na vila (e no país) as colectividades espelhavam a divisão inter-classista existente e por isso os bailes no Benfica eram conhecidos como os bailes do “Galocha”, para vincar o seu carácter profundamente popular e rural (dos trabalhadores do campo) em compita com outras agremiações como a Sociedade Artística (dos "artistas" e que incluía todos os artesãos, a excepção dos trabalhadores rurais) ou o Clube Nisense, “poiso” de uma burguesia local e regional, que não admitia “misturas”.
Com este quadro, fácil é perceber que o Nisa e Benfica fosse a associação com maior número de sócios e também de actividades, e profundamente enraizada entre a população.
O atletismo praticou-se durante alguns anos, bem como o ciclismo, uma modalidade muito popular durante os anos cinquenta e sessenta do século passado.
É no início da década de 60 que o Sport Nisa e Benfica participa pela primeira vez em provas oficiais de futebol. Aos “distritais” de seniores, seguiram-se os juniores, os principiantes, e todas as demais categorias do futebol jovem, não só a nível distrital, mas também nacional, em seniores (3.ª Divisão) e juniores (campeonato nacional) numa caminhada que não mais parou e que todos os anos se renova, tanto a nível de novos atletas, como nas provas e objectivos com que se participa. Entre estes e num concelho que sofre os problemas da interioridade e da desertificação, assume relevo a ocupação salutar das crianças e dos jovens, a educação no espírito e respeito pelo “fair play”, valores alternativos aos mundos subterrâneos da droga e do vício e que, geralmente, constituem becos sem saída.
A par do futebol, o Sport Nisa Benfica manteve em actividade, secções de Cicloturismo, andebol e futsal, funcionando como secções autónomas e sem encargos para o clube. No futsal, conquistou o primeiro campeonato distrital organizado pela AFP tendo sido, aliás, um dos precursores desta modalidade, hoje tão popular no distrito. Outro tanto se passa com a equipa de futebol de veteranos (Velhas Guardas) que percorrem país, com total autonomia e auto financiando-se.
Além destas actividades e num espírito recreativo, o Sport Nisa e Benfica organiza regularmente torneios de pesca desportiva ou de futebol de salão e outros visando quer a obtenção de fundos, quer, acima de tudo, a dinamização desportiva e o convívio entre associados. Valorização do património
O Sport Nisa e Benfica dispõe de sede própria na Rua 25 de Abril, e de Campo de Jogos, com o nome de D. Maria Gabriela Vieira, a benemérita nisenses que doou ao clube, sem qualquer contrapartida, uma extensa propriedade, na qual está implantado o campo de futebol (105x65 m) balneários e anexos de ampla dimensão.
A reconstrução do imóvel na Rua 25 de Abril propriedade do clube e onde este se instalou há mais de 50 anos é hoje uma realidade, passando a dispor de melhores condições para os sócios e para a população que utiliza o salão para a realização de diversas festas de convívio ou familiares. A valorização do património é objectivo que não tem sido esquecido pelos diversos elencos directivos que têm gerido o clube.
Em 5 de Outubro de 1998 foi inaugurada pelo então Secretário de Estado do Desporto, Miranda Calha, a primeira fase da bancada (lateral).
No Verão de 2000 foi dado início à construção da bancada central no Campo de Jogos, incluindo a mesma uma cabine para a comunicação social. Estes melhoramentos que transformaram de modo significativo o conjunto de estruturas e equipamentos do Nisa e Benfica que, entretanto, passou a ser a 9ª filial do SLB, foram conseguidos por força de uma enorme dedicação e determinação.
Falta, porém, num clube com um brilhante historial de 75 anos de existência e que tantos atletas deu ao futebol distrital e nacional, aquela que seria a prenda maior: a implantação de um campo relvado ou sintético, a exemplo do que existe em todos os concelhos dos distrito.
Nisa, por ser um dos pioneiros e mais destacados, a nível do futebol, bem merece esta infra-estrutura.
Um rico historial
1975/76 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1976/77 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1977/78 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1978/79 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1979/80 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1980/81 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1981/82 – Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1982/85 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1986/87 - Campeão Distrital de Futebol (seniores)
1987/88 – Participação no Campeonato Nacional da 3ª Divisão
1998/99 - Campeão Distrital de Futebol (seniores) – 2ª Divisão
1998/99 – Vencedor da Taça AFP (seniores)
1999/00 - Campeão Distrital de Futsal (seniores)
2000/01 – Participação no Campeonato Nacional de Futsal (3ª Divisão)
2002/03 – Campeão Distrital Infantis
2003/04 – Vencedor da Taça AFP (Infantis)
2003/04/05/06 – Vencedor da Taça AFP Iniciados
2004/2005 – Vencedor da Taça AFP Juvenis
2008 – Ricardo Mateus em representação do Sport Nisa e Benfica é campeão nacional de corta-mato (juniores).
Comemoração dos 75 Anos do Sport Nisa e Benfica - PROGRAMA
Sexta-Feira, dia 1 – Cine Teatro de Nisa
18h – Missa em Memória de todos os sócios falecidos
22h – Espectáculo com a banda da Soceidade Musical Nisense
23h – Actuação de fadistas do concelho de Nisa
Sábado – Dia 2 Out. – Cine Teatro de Nisa
* 10 h Inauguração da Exposição dos 75 anos do Sport Nisa e Benfica
* 11h – Sessão solene com entrega de lembranças
* 13 h – Almoço convívio (garagens da CM Nisa) com a presença de 2 glórias do Sport Lisboa e Benfica
* 18,30h – Porco no espeto na sede do SNB para todos os sócios.
Actuação do grupo de música popular “Domingos & Dias Santos”
Mário Mendes in "Fonte Nova" - 2 Out. 2010

sexta-feira, 16 de junho de 2017

VIDAS: Caetano Tomás São Pedro

Uma das (últimas) figuras populares de Nisa
É um homem de expressão fácil e olhar atento, nos seus 86 anos de uma vida cheia de mil episódios e peripécias. No relato que nos fez, de algumas dessas "passagens da vida", há sempre um motivo hilariante, alegre, divertido, a rematar e a concluir de forma prazenteira, o capítulo da conversa.
Caros leitores, fiquem com Caetano Tomás S. Pedro, uma das figuras populares de Nisa e vejam, por ele  mesmo que, face às desgraças que por aí vão, rir (ainda) é o melhor remédio...
Este homem, se tem sido aproveitado, dava um actor de primeira água. Os tiques, as expressões, os gestos, repentinos, ou as respostas desconcertantes, fizeram dele uma das figuras típicas e populares mais conhecidas de Nisa.
De origem modesta, não menos modesta e humilde tem sido a sua vida de mais de oitenta anos. Simples, sim, mas sem perder o sentido da alegria e do divertimento.
Caetano Tomás S. Pedro foi aprendiz de sapateiro, padeiro, pintor, caiador, homem de mil ofícios, malabarista das palavras, humorista nas horas vagas e sempre que a oportunidade se lhe deparou. Apesar da idade avançada, mantém um sorriso permanente, aberto e malandro,de orelha a orelha, a que junta um olhar vivo, penetrante, que o coloca em alerta e pronto para a resposta ou para um trejeito humorístico capaz de fazer rir as pedras da calçada.
A princípio, receoso e desconfiado, começou por declinar a conversa. Mas, espicaçado nos seus brios, para alguns dos episódios por si vividos  e intencionalmente, desvirtuados, logo ripostou deitando fora as hesitações iniciais, numa conversa de mais de duas horas, em que sintetizou o "filme " da sua vida.
A “Praça” lugar de nascimento
"Nasci na Praça, numa casa onde está hoje a Fonte do Frade. Andei à escola até à quarta classe, na escola do Rossio, mas não cheguei a fazer o exame. O professor era o senhor José Dinis Paralta e no dia do exame, não me agradou aquilo e vim-me embora. Saltei pela janela e, oh! patas!..."
Esta é uma das muitas peripécias que Caetano Tomás recorda. Já sem o ouvido e o olhar arguto de outrora, refugia-se na falta de audição para fugir a alguma pergunta mais incómoda para, logo que a oportunidade aparece, se apressar a dizer que "só não ouve o que não lhe agrada". De idade avançada, a memória já lhe vai pregando algumas partidas. Ainda assim lembra-se de ter andado como aprendiz de sapateiro na oficina do ti Lourenço Pação, na rua Direita, a dois passos da casa onde nasceu. Por pouco tempo. O estar sentado, o dia inteiro, entre solas e sapatos não ligava muito com o seu feitio, mais virado para o ar livre e por isso, a etapa seguinte levou-o até à fábrica do pão, na Devesa.
"Trabalhei na fábrica do senhor Ribeirinho uns quatro anos. Ia com uma carroça vender o pão a Alpalhão, Pé da Serra, Arez, Velada, Amieira. Numa carroça com um macho branco, lembro-me bem. Andei a vender pão cá em Nisa com um carrinho, mais o pai do senhor Corrente, o Papo-seco sem pão. Levámos o pão à senhora Isabel da Fábrica e à senhora Etelvina do José Januário. O carrinho levava 90 ou 100 pães, de quilo, que era obrigatório. Custava um bocado a esta fraca figura, empurrar o carro pelas ruas cheias de buracos. De modo que eu guardava sempre dois papo-secos do dia anterior e partia-os aos bocados e dava-os à gaitagem que em troca ajudava a empurrar o carro.  Nunca faltavam ajudas."
Depois da experiência como ajudante de padeiro, Caetano S. Pedro decidiu dar novo rumo à sua vida e criar o seu próprio emprego.
"Com a experiência que tinha adquirido, não é verdade, estabeleci-me por conta própria e criei a minha própria firma de pinturas e caiações."
Considera-se pioneiro neste género de trabalho em Nisa e no concelho. Nesta arte trabalhou com o ti Manuel Bólinhas e o ti Manel do Benfica, para além do próprio filho.
Tudo isto, numa época em que um novo trabalho artístico fazia a sua aparição: a publicidade nas paredes. Os cartazes, anunciando produtos alimentares, de limpeza para o lar, automóveis e outros, despertaram a curiosidade da "firma familiar" de Caetano S. Pedro e de um momento para o outro converteu-se em "agente publicitário". Tudo feito a rigor, como tem o cuidado de reforçar.
"Os cartazes vinham do Porto e de Lisboa, especialmente dirigidos ao Caetano Tomás S. Pedro, ou seja, a minha pessoa. Não se pense que se ganhava alguma coisa de jeito. Não senhor. Os cartazes vinham em rolos de 20 ou 30, tínhamos que colá-los segundo o desenho que os rolos traziam e em sítios certos, pois não podiam ser colados em qualquer sítio. Era uma tarefa  que fazíamos quase sempre à noite, depois do trabalho e o que se ganhava dava para beber uns copos. Só recebíamos depois de mandarmos uma carta a dizer quantos tínhamos colado e em que locais."
Não havia televisão e era a publicidade, afixada, na parede, a maior forma de divulgação de produtos de grande consumo e foi esse trabalho, assim como as pinturas e caiações que fizeram de Caetano S. Pedro uma das pessoas mais conhecidas e carismáticas de todo o concelho de Nisa.
Os fiscais das farinhas
Numa época difícil, deitou mão às tarefas e ocupações que lhe podiam garantir algum dinheiro para o sustento dos três filhos.
"Cheguei a ir ao Pé da Serra com um pneu às costas, para ganhar 25 tostões. Era um tempo custoso, mas cá o Caetano desenrascava-se sempre. Um dia ia trabalhar para as pinturas em Arez e quando cheguei à Porta da Vila estava lá o senhor Joaquim Polícia e diz para mim: "mostra-me lá a licença da bicicleta!". Como não a mostrei, não a tinha, disse-me que "não abalas daqui sem tirares a licença". Ficou-me com a bicicleta e tive que ir à Câmara tirar a licença que custava 10$50, mais do que eu ganhava por dia. Só depois é que me deixou abalar para Arez, onde cheguei quase às 11 horas".
Nota-se-lhe que não tem boas recordações da autoridade, pelo menos de alguns elementos que serviram nesse tempo.
"Uma vez vinha da taberna do ti Raposinho, vinha a cantar - eu sempre gostei muito de cantar - apareceu a Guarda e levou-me para o posto. Passei lá a noite. Dantes a  Guarda castigava muito o pessoal de trabalho. Eram mandados..."
Uma das peripécias mais conhecidas e protagonizada pelo nosso entrevistado passou-se no Pé da Serra, quando este e um amigo resolveram fazer-se passar por fiscais dos vinhos. A rir, o senhor Caetano não resiste a contar o episódio.
"Eu e o José Quintino ( o Pelota) fomos ao Pé da Serra "armados" em fiscais de vinhos. Vestidos com camisa de meia manga, azul, calça de cotim, também azul, feitas pelo Manuel Caxamela, ninguém era capaz de dizer que não éramos fiscais. O Pelota levava uma pasta que era do senhor Aníbal Vieira para fazer melhor o papel de fiscal. Chegámos à taberna do Reizinho (primo da minha mulher) e ele não estava. Apresentámo-nos como fiscais, comemos e bebemos, um pão de trigo e um queijo mole, estava tudo a correr pelo melhor e nisto chega o dono do estabelecimento. Bem, é melhor não contar mais... Tivemos que bater a "butes", corridos à pedrada, do Pé da Serra para Nisa. Não sei em quanto tempo fizemos o caminho..."
Muitos outros episódios, hilariantes, tem para contar. Um há, especial, em que a "vítima" foi a própria mãe e que considera tratar-se, apenas, de uma brincadeira.
Caetano S. Pedro era, nessa altura, um jovem e a quem algum dinheirito fazia sempre jeito, para o tabaquito. Um dia, como a mãe não se dispusesse a dar-lhe algum dinheiro - se calhar, não tinha - mostrou-lhe um papel, que ele mesmo assinara, dizendo-lhe que era  uma multa, por ter deitado água para a rua. A mãe, coitada, não teve outro remédio senão arranjar-lhe o dinheiro que antes lhe tinha negado.
Quebrado o gelo inicial, a conversa toma o caminho das festas populares, dos bailes, dos divertimentos e do tempo da juventude. Caetano S. Pedro eleva-se na cadeira, faz apelo à memória e dita para o papel, entusiasmado, quadras populares que eram cantadas e bailadas ao som do harmónio ou das castanholas. Aqui registamos algumas:
Eu um dia para te ver
Dava voltinhas à rua
Hoje já dou dinheiro
Para não ver tal figura

Ó laranja e tangerina
Eu de ti desejava um gomo
Tua mãe está julgando
Qu´eu com a boca te como.

Não te encostes à parreira
Que a parreira deita pó
Encosta-te à minha cama
Estou sozinho, durmo só.

Chamastes ao meu bigode
O poleiro dos passarinhos
Eu chamei às tuas faces
O cofre dos meus beijinhos.

Vai de carta, vai de carta
Meu raminho d´oliveira
Desculpa ir mal escrita
De amores é a primeira.

Ó minha Santa Maria
Ó minha Maria Santa
Tua casa tens no monte
Onde o passarinho canta.

O passarinho quando canta
A sua linda canção
Traz rouxinóis na garganta
E guitarradas no coração.

Ó triste da minha vida
Ó triste do meu viver
Para que quero eu a vida
Eu não sirvo para morrer.
Mário Mendes in “Jornal de Nisa” nº 253 - 2008 

quinta-feira, 30 de março de 2017

NISA: À Descoberta do Património do concelho (1)

Percursos Pedestres: um Guia por completar!
A edição de uma qualquer obra literária ou simples manuscrito, é sempre uma acção positiva e de louvar se a finalidade for preservar, oferecer ao presente e legar ao futuro algo com interesse para o concelho de Nisa ou seus habitantes.
Um bom exemplo é toda aquela vasta e valiosa colectânea literária exposta na Biblioteca Municipal, cerca de trinta títulos, quase todos eles de autoria de nisenses e que têm em comum, nos variados temas abordados, fruto de vivências, muito trabalho e experiência adquirida, a necessidade sentida de transmitir e partilhar o saber herdado.
Mas, também, nesta temática, há que ter cuidado, iniciada uma qualquer “caminhada” há que seguir em frente e terminá-la, retroceder ou parar pode não ser bom, inadequado, injusto até.
Uma edição verdadeiramente interessante e bem útil foi o “Guia de Percursos Pedestres” de Nisa, promovida pelo actual executivo camarário, vão quase cinco anos (2005).Mas, e não poucas vezes há sempre um “mas”, se nada há a opor no aspecto gráfico, já no conteúdo informativo nos parece haver falta de moderação, que vai sendo um vício por todo o lado, mas pior, bem pior, são as omissões ao quão de importante temos por ali, no espaço já contemplado pelos “Guias”, que nada ajudam o “turismo” que se vai invocando quase diariamente. Descuido? Outra razão? Ultrapassa-nos. Direitos de autor por certo não lhes seriam exigidos.
Não é correcto, por injusto, deixar o trabalho a meio, com as consequências negativas que daí advêm, divulgando uma fracção apenas do todo que é o concelho de Nisa. Cinco anos volvidos é tempo de completar a “caminhada”, promovendo a edição dos documentos ainda em falta, referenciando todo o valioso património ocultado.
Observe o leitor um qualquer mapa do concelho de Nisa e experimente traçar uma linha ligando o Percurso nº 1 (Trilhos de Jans – Amieira do Tejo) ao Percurso nº8 ( Trilhos do Moinho Branco – Montalvão).
Por certo vai constatar o seguinte: naquele espaço, a Norte, estão lá todos os “Percursos” editados (8), nada havendo que contemplar a Sul, espaço mais amplo, divulgando o valioso património existente e visível por aí.
As freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça, Arez, S. Matias, Tolosa e Alpalhão, têm um acervo patrimonial e paisagístico de grande importância, onde se vêem em quantidade, igrejas e ermidas, passadeiras nos ribeiros e também moinhos, pontes e fontes, furdões e barragens, antas, menires, sepulturas nas rochas e vias muito, muito antigas, de antes da nacionalidade portuguesa.
Vias por onde transitaram e transitam ainda tantos povos nossos parentes, fossem eles lusitanos, romanos ou sarracenos, peregrinos em romagem ou simples caminhantes de agora.
Bem, depois há a história dos sítios, das vilas e das aldeias, que não consta lá e é riquíssima, como é até mesmo aquelas que lá constam, nos Percursos já editados.
Mãos à obra, termine-se a “caminhada” iniciada, dando a todas as freguesias do concelho, sobre a forma de “Percursos”, a importância patrimonial e histórica que, efectivamente, têm.
Mais do que uma necessidade é um acto de justiça.
João Francisco Lopes in "O Distrito de Portalegre" (2009)

sábado, 7 de janeiro de 2017

MEMÓRIA HISTÓRICA: A crise de trabalho no concelho de Nisa em 1913

Menos de três anos após a implantação da República em Portugal, as precárias condições de vida da população portuguesa, mantinham-se e o novo regime político enfrentava uma grande convulsão social, motivada, principalmente, pela falta de trabalho.
No concelho de Nisa, a situação não era diferente da que vigorava no país. Em 1913, a crise geral, agravada com o mau ano agrícola, motivou uma exposição (na altura designada por Representação) ao Governo da República, feita através do Governo Civil. É esse documento que aqui apresentamos e deixamos à consideração dos nossos leitores/visitantes do blog.
Representação da C.A. do Município de Niza ao Governo da República (Agosto de 1913)
A Comissão Administrativa do Município de Niza, vem perante Vossa Excelência representar pedindo para que consiga do Governo da Republica a imediata abertura de trabalhos públicos que, de algum modo conjurar possam a angustiosa crise em que o operariado d´este concelho se debate.
O terrível anno que vai correndo, tem sido sob o ponto de vista agrícola, verdadeiramente calamitoso. Quando a poeira do tempo tiver embranquecido as cabeças dos rapazes d´hoje, hão de eles recordar este fatídico 1913, como um pesadelo que lhes vincou na alma uma inolvidável amargura.
As searas apresentavam-se magnificas e assim se conservavam até que, os últimos dias de Maio, um fungo puccinia rubigo-vera as devastou.

Havia ainda a cultura do linho. Uma ultima  esperança bruxeliava! Talvez, talvez que uma pequena compensação trouxesse... também falhou! Todos os sonhos de prosperidade ruíram; e os agricultores sem dinheiro, perdida também a energia reduzem ao mínimo o serviço que é costume efectuar. D´ahí a crise de trablaho agravada confrangedoramente pela carestia de vida.
E a semente do sindicalismo que o inverno passado foi lançada nos espíritos rudes dos trabalhadores rurares, la vae germinando, mercê d´esta circunstancia que lhe é imensamente favorável: a miséria.
A Comissão Administrativa da minha presidência comprehende muito bem a impossibilidade de o Estado remediar por completo esta situação. Mas pode atenual-a. E uma das formas de o conseguir, consistirá em abrir trabalhos públicos.
No prosseguimento da construção da estrada do Tejo a Amieira, encontraria muitos braços emprego para a sua actividade, alem de assim, se efectuar obra de incontestável utilidade publica.
Nas mãos de Vossa Excelência, depõe a Comissão Administrativa do Município de Niza, esta representação, na antecipada certeza de que não encontraria quem melhor do que Vossa Excelência faça triumphar a obra da Justiça que n´ela se reclama.
Niza, 21 de Agosto de 1913
O Presidente da Comissão
António Maria de Mattos Cardoso
Nota: Ano de perseguição ao movimento operário
"1913, ano do I Governo de Afonso Costa, alcunhado pelos trabalhadores de “racha-sindicalistas”, foi um ano de perseguições ao movimento operário, como nunca tinha acontecido desde a proclamação da República, em 1910. Em Fevereiro de 1913 estavam presos 110 trabalhadores rurais. Dezenas de sindicatos foram encerrados e mais de uma centena de sindicalistas foram encarcerados no Forte da Graça, em Elvas."
Helena Pato in "Notícias de Almeirim"
Desenho de Cipriano Dourado (1921-1981)