Este pequeno trabalho do meu saudoso pai, não tem pretensões
algumas a ser incluído na arte poética, pois é destituído das normas clássica
ou académica.
Este conjunto de quadras é um modo vulgar e anedótico de
apresentar as alcunhas da nossa terra destas últimas quatro décadas.
É um trabalho original que a pesquisa de alcunhas e para com
elas constituir uma versalhada, revelam algum trabalho e paciência.
É com muito prazer que ofereço às gerações actual e
posteriores, esta modesta e simples obra.
Que a vossa generosidade, perdoe algum erro que nele possam
encontrar. Obrigado.
Nisa, 27 de Maio de 1982.
Aníbal Bernardes Pestana Goulão
AS ALCUNHAS DE NISA
Reparae oh filhos d´Eva
Que por pai, tivestes Adão;
Quantas são as alcunhas que leva
Tão estanha colecção.
Forrae-vos de paciência
P´r a ler de toda uma vez,
São 400 e tal alcunhas,
Ficaram-m´a doer as unhas
A fazel-as, levei quas´um mês.
São versos de pé quadrado
Sem sciencia, por mim feito
Não reparem, pois, nos defeitos,
Ahi os tendes; são assim:
Em tempos houve um Piolho,
Parente dum Bananáu
Corriam-lhe as lágrimas do olho
Por ter morrido o Cacau
.
Conheceram por acaso o Pico ó Osso
O Bolo Grande e o Arranhado;
Eram primos do Bico de Chôço
Do Pázela, Cara d´Anjo e Scamado.
Conheceram ou não o Chirrêta,
O Sparouva, Alfacinha e o Rapum?
Quem não conheceu o Violeta
O Palheta, o Minas e o Bagdum?
Péza-se arroz na Balança
Tem dois bois o Arreigota;
Já foi actor o Sustança,
É pregoeiro o Bióta.
Desapareceu o Cabeçudo e o Abim
O Cujo, Zé do Café, o Beicinha,
Já la vae o Batatinha,
Por ond´andará o Mata a Mim?
Já morreu o Ré-Que-Té-Té
Parente do Garganeira;
Do Grazina, Ferra Braz e Parteira
Do Irra, Barbaça e Capilé.
Nenhum d´elles faltou, porém
Não poude vir o Parente;
E depois de vir tod´esta gente,
Ainda veiu o Veste-Bem.
Já lá vae o Bateirada
Vizinho da Chita-Ratona;
Oiço falar também num Fona
Compadre do Zé Pescada
Ouvi contar ao Balelo
Que havia cá um Restôlho
Um Bajanja e um Mira-ôlho
E, (no Pé da Serra) um Parelo
Ainda conheci o Pelota
Um Ranisca e um Balhão
Havia também uma Bóta
Que era vizinha do Bugalhão
Também havia um Piçarrinha
Qu´às vezes era marôto;
Eram seus vizinhos um tal Pichôto
O Sopa, o Condeça e o Caracinha
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